quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Notícias Poéticas- dezembro de 2012




Notícias Poéticas- dezembro de 2012
Batam os sinos!
Acabou!
No derradeiro mês que não há ( dezembro é só festa!) ensaiamos mil vezes as despedidas.
Estamos prontos para os abraços, dispostos à emoção, generosos com o gênero humano.
Mesmo que chova e, guarda-chuvas em punho, disputemos os mimos natalinos com o nosso próximo, não percamos o espírito de Natal.
Pouco afeita, por vezes insatisfeita, tolero e aproveito o bom da época.
As noites azuis, os corais nas janelas, as crianças.
Sincera, guardo o brilho da fé no olhar.
Impregnada de gratidão, nas mãos, no peito, nos bolsos, por todo o meu ser, vou deixando rastros .
Troco a pilha da emoção, limpo a caixa de cristal, relicário do coração, e me faço pronta.
Convido-os a continuarmos juntos no caminho que escolhemos e que se cruzam prazerosamente.
Com meu abraço lhes desejo um final de ano, que é também começo, de pura alegria.
Que o seu balanço seja positivo
Que haja menos perdas e mais ganhos
Saúde, fé , amor em quantidades crescentes
Disposição para sonhar
Coragem para agir
Tempo para colher
Certeza de eternidade
Nossos encontros por aqui.

Prece
Cavo um silêncio
na balbúrdia do entorno
a paz está aqui dentro
e não usa laço de fita ou embrulho.

O presente que mais desejo
recebo  todos os dias
Rezo para reconhecê-lo
perambulando nas esquinas

O amor, vermelho veio,
corre no sangue desde o ventre.
Inunda e nutre
basta e  sobra
cresce e transborda
no  encontro  em comunhão.

Nada peço, Senhor.
O que preciso
me é dado.
Sou templo do Seu lavor.
Esta prece é louvor
canto de gratidão .

Obrigada, Senhor.

Eliane Ratier- dezembro de 2012


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Livro- Os Grassóis de Girona- Ely Vieitez Lisboa

Ely é uma surpresa sempre. Surpresa para mim, claro, que não conhecia sua escrita fora dos jornais.
Os Girassóis, agora em nova edição,  é um livro cheio de Ely, transbordante de sua intensidade verídica.
Não é um livro para todo, os menos habituados ao tratamento artístico podem se incomodar com a linguagem e os assuntos, alguns ásperos, outros íntimos.
Eu me confesso cada vez mais fã.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Livro- Fatores Curativos em Psicanálise- Moisés Tractenberg

O dr Tractenberg faleceu recentemente, e isto motivou-me mais a ler algo dele.
Escolhi este livro na Feira de Escritores de Ribeirão e Região e o estou terminando agora.
Sua leitura coincidiu com  a série televisiva da GNT, " Sessão de Terapia", que também estou acompanhando.
Estive imersa na psicanálise.
Bem, confesso que foi uma leitura difícil e emocional pois muitas das coisas ali escritas são de saber técnico e científico, o que permitiu-me entrar pela porta de serviço do assunto.
Foi bom conhecer , saber algo a mais sobre a psicanálise e seus estudos, as possíveis origens dos nossos nós mentais , emocionais, as diversas correntes de pensamento.
Bom e assustador. De perto ninguém é normal.

Do livro pinço este poema da Ferreira Gullar

Narciso e Narciso

Ferreira Gullar

Se Narciso se encontra com Narciso
e um deles finge
que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro
pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira.
Para Narciso
o olhar do outro, a voz
do outro, o corpo
é sempre o espelho
em que ele a própria imagem mira.
E se o outro é
como ele
outro Narciso,
é espelho contra espelho:
o olhar que mira
reflete o que o admira
num jogo multiplicado em que a mentira
de Narciso a Narciso
inventa o paraíso.
E se amam mentindo
no fingimento que é necessidade
e assim
mais verdadeiro que a verdade.

Mas exige, o amor fingido,
ser sincero
o amor que como ele
é fingimento.
E fingem mais
os dois
com o mesmo esmero
com mais e mais cuidado
- e a mentira se torna desespero.
Assim amam-se agora
se odiando.
O espelho
embaciado,
já Narciso em Narciso não se mira:
se torturam
se ferem
não se largam
que o inferno de Narciso
é ver que o admiravam de mentira.


sábado, 15 de dezembro de 2012

Livro- Estação Poesia- Paulo Humberto Capoletti

Este livro chegou às minhas mãos pelas mãos de Gustavo, meu parceiro musical, endereçado a mim.
O autor já não faz parte do plano terrestre mas sua família, em uma homenagem póstuma, compilou seus poemas e os reuniu em livro.
Boa idéia.
Assim, Paulo, continua entre nós , com sua voz perpétua e intensa.
Escrito como uma ocupação, um consolo, proporcionando companhia, alívio e esperança, o livro proporciona a identificação pela dor, a angústia e a inquietação humana.
Obrigada pela oportunidade de conhecer a voz de Paulo Humberto.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Os fêchos- Dança

Minto, não vou falar da dança porque não vou falar de todas elas, falarei do Jazz que faço no Studium Carla Petroni e da felicidade de ganhar palco com esta turma generosa que me recebe como igual.
Poder estar ao lado de grandes artistas, fazer cabelo , maquiagem, produção é diversão top de qualidade.
Agradeço imensamente a oportunidade e a companhia.
Continuo querendo e tem reforço positivo, porque mexe o corpinho e isto é bom.
Beijo.




quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Aniversário- Os materiais

Tenho tudo, mas os presentes vão além do meu desejo.
Ganho roupas, perfumes, adornos, livros, cartões, flores, eletrônico (adoro uma novidade embora não seja boa com os botões, ainda mais quando vem em forma de "maçã").
Este ano, graças ao ambiente virtual, ganhei muitas palavras desejando felicidades e até poemas.
Ganhei obras de arte inspiradas , vi o bem- querer se materializar.
A todos agradeço o carinho que nem mereço.
Dou por encerrada esta série de "Aniversário", já que outro se avizinha e os presentes acenam advertindo para a colheita.
" A vida nos enche de presentes é só escolher e colher".



O mimos de Milca Galvão, jovem poeta, uma caixinha de belezas com poema inspirado em texto meu.


Inspirado no poema: Um dia eu vou na tua casa
“Um dia vou lhe dar um presente”
Um dia vou lhe dar um presente.
Abusarei do mel.
As abelhas vão correr atrás de mim.
Escalarei a montanha mais alta,
Alcançarei as estrelas,
Levarei o brilho delas a ti.

Um dia vou lhe dar um presente.
Dinheiro não vai ser preciso.
Amizade impossível comprar.
Coração me dirá o caminho,
Do infinito, de um lugar,
Que esconde o jardim mais colorido.

Um dia vou lhe dar um presente.
Qual a sua flor favorita?
Rosa, jasmim, orquídea...
Tem preferência de cor?
Violeta, azul, incolor...
O que mais te fascina?
Um dia vou lhe dar um presente.
Esse dia amanhecerá com uma fita.
Borboletas jogarão purpurina
Por onde ousares passar.
Rouxinóis farão serenata,
Pra tentar te conquistar.

Um dia vou lhe dar um presente.
Palavras simples assim.
Palavras pequenas tão grandes.
Palavras enfim...
Palavras que valem o mundo,
Pra você e pra mim.
Para: Eliane Ratier
De: Milca Galvão
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 A caixa linda feita com extrema sensibilidade pela cunhada Simone, retratando meus tesouros de vida.

O cartão-obra de arte, e destes tenho coleção, do eterno André Goy.

Os poemas e acrósticos.


Poema de aniversário presenteado pelo Alexandre Borges Garcia

Neste dia, quiçá comum,
Como tantos outros que nos são dados,
Deus não quis torná-lo mais um
E com você o mundo foi presenteado.

Por isso lhe desejo,
De coração e em meio a orações,
Uma vida repleta de realizações!
A Paz de Deus, Eliane, e um beijo!

Essas palavras, em puro improviso,
Fruto de um breve lapso de inspiração
Foi a melhor forma que encontrei
De homenagear aquela que faz destas linhas sua paixão!!!


·         E nsaios...
L etras...
I nspiração...
A ssim se faz um poeta.
N ão é não?
E ita coisa difícil!!

R euno aqui poucas palavas
A guisa de diversão
T entando expressar meus sentimentos,
I nspirando-me em letras e ensaios.
E te desejando felicidades,
R eitero por ti minha profunda admiração!


Para encerrar o acróstico que recebi estes dias de Graça Novais

E m seus lábios, o sorriso constante
L eveza e graça, no perfil elegante
I nteligência e sensibilidade
A todos conquista com simpatia e amizade
N a sua nobreza, nenhuma vaidade
E no seu coração , a maior humildade.

R ouba a cena
A braça o momento que passa
T ransformando-o em poesia viva
I magens e personagens: mágicos ou reais
E xigente, experiente e transparente
R azão do seu passado, futuro e presente

GRAÇA NOVAIS





terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Os fêchos- Teatro Santarosa

Então, esta foi a proposta do ano.
Por conta do empurrão do amigo Gustavo para a nobreza do palco e o sempre incentivo da amiga Jair, dei-me o tempo de reencontro com o teatro.
Cansei de ser pega nas coxias esticando o olho para o palco e desejando muito.
Sei que o teatro é arte exigente. Exige entrega, prontidão de corpo, agilidade mental. Exige que se esteja inteiro.
Estava pronta para  cumprir as exigências.
Escolhi o Santarosa por conhecer o trabalho do Léo.
Fui, fiquei, ultrapassei as barreiras, que não foram poucas, e os abundantes nãos e cheguei até o fim.
Não cheguei sozinha, o grupo foi muito importante, companhia, apoio, incentivo, compromisso.
Tudo ficou mais difícil com o início da montagem, direção cuidadosa, exigente e desejada de Renato Grecco.
E quando achei que as lições tinham se acabado, houve um ganho imenso na montagem, pondo em prática o que se aprendeu e indo além na troca e na experiência.
Felicíssima com o resultado e lamentando uma possível descontinuidade, Abraço a todos os amigos do Teatro e nos desejo próximos como irmãos que descobrem juntos os segredos da vida.
Obrigada.






sábado, 8 de dezembro de 2012

Os fêchos- Canto Lírico em Cena

Novembro foi o mês dos términos, como previsto, mas apesar dos prazos, ou por eles mesmos, os trabalhos tiveram uma qualidade surpreendente.
Estou orgulhosa por ter terminado o que comecei, muitos não conseguiram , ficaram pelo caminho, muitas vezes eu fiquei pelo caminho.
Estou feliz com os parceiros. São estrelas de rara grandeza.
Sinto-me privilegiada.
E sou grata.





segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Livros- O Casarão da Rua do Rosário- Menalton Braff

Não iria ler, seria um excelente presente para o pai que gosta do assunto.
Quem me conhece sabe que não sou muito chegada em assuntos políticos, mas uma entrevista que o autor deu ao jornal mudou minha intenção.
Comprei, li e gostei.
Antes de tudo " O Casarão" traz as relações humanas em determinado contexto social e histórico.
Torci muito pelo protagonista, encontrei membros de minha família e assim passei pelo romance em passo apressado, parando para maravilhar-me com as  surpresas poéticas que Menalton magistralmente plantou no caminho.
Livro para admirar forma e conteúdo.
Parabéns, mestre!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Aniversário- Os eternos.

Pai, Mãe, Filhos, Irmãos e Avós estão permanentemente ligados a nós pelo laço de sangue.
Assim, nos desejamos bem e felizes.
É assim que sei que meus pais torcem por mim sempre, minhas filhas me levam em corpo e alma celebrando meu existir mesmo que involuntariamente, o irmão, cúmplice  e testemunha do pré-ser, é outra parte de mim, e os avós que já não são há muito tempo, ainda são em mim.
Somos família, nos amamos sem questionamentos.
Marido é eterno, companheiro de longa data, sócio no empreendimento da vida.
Nossa história é uma só, indissociável. O amor é  e será.
Amigos, os melhores, o melhor, são agraciados com a confiança e a despeito de qualquer distância, chegam a mim pela lembrança do afeto inconteste.
Esses, presentes fisicamente ou não,  serão e os terei comigo por todo sempre.
Com meu amor agradeço pela sua existência.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Livros- Poemas Rupestres- Manoel de Barros

Então vem este menino quase centenário a encantar-me os olhos, recuperar o sorriso, enternecer a alma.
Manoel em sua língua de passarinho, é alento para desilusões várias, é passeio no campo sem sair de casa é felicidade imediata.
Lagarto, copos de sol, jacarés, pedras e formigas mutiladas. Na sua língua tudo tem graça.
Foi o Alvinho, em tempos tão idos ,que me falou primeiro do Manoel. O Manoel, que rondou-me sempre em migalhas, apareceu pelas mãos da filha em empréstimo. Mudou de sítio e acumulou pó dos vários cantos da casa até ser quase ordenado pela Rita. Daí saí a caça e agora quero mais e mais e mais.
Não o devolverei, nem o guardarei na estante, vai para a sacola andante, onde ficam à mão os poemas aguardando ocasião.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Livros- Sulcos do Tempo- Rita de Cássia Amorim Andrade

Livro de estréia poética de Rita, originalmente romancista,que arrisca-se entre versos e reflexões precedidos por citações de expoentes da literatura.
 A Rita escreve aqui  http://portalritissima.com.br/
Confiram.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Livros- O Poente, o Poético e o Perdido- Ana Cláudia Marques

A Ana é uma das boas surpresas que este meio literário nos traz.
Amiga imediata, sorridente e pronta para tudo.
Li seu livro afoita , curiosidade instigada pelas amostras do blog e marquei várias páginas.
Ana tem esta inquietação que nos pertence e que vira escrito, poesia, arte que partilhamos aliviados e de quebra produz no outro um sorriso cúmplice de quem vislumbrou um quadro detalhado e multicor, belo, emocionante, feito de letras, signos pretos em papel branco.
As ilustrações e soluções gráficas dão um toque a mais no trabalho da Ana.
Penso que em breve ela possa estar por aqui para celebrar o nascimento deste seu filho de papel.
Parabéns, Ana!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Notícias Poéticas- novembro de 2012



Notícias Poéticas-novembro de 2012

Agora é a hora dos fechos, dos laços , do acabamento .
Não serão os primeiros, nem os perfeitos, muito menos os últimos.
Tudo foi feito, desfeito, refeito e terminará bem intencionado.
A experiência é tatuagem inconsciente na memória.
Estamos prontos e nem sabemos.
Façamos bem feito, valorizemos nosso tempo, nosso trabalho, nosso desejo.
Sejamos nós, impossível ser de outro jeito.
Damos o que temos  da maneira que conseguimos.
Como num espelho, olhamos o outro, mas o outro sempre será o outro e não um espelho.
Respeitemos.
 O universo se encarregará da reciprocidade.
Beijo solidário de novembro.



 Consolo

Traga sua ausência
e encoste em meu peito nu.
Sob a pele fina o coração baterá
solidário e o envolverei terna.

Traga seu abraço
para o meu regaço solitário
e aqueça o ventre esquecido
com seu hálito de mel.

Traga seus olhos de ver belezas.
Tirarei os óculos escuros
que ocultam tristezas.
Prometo sorrir.

Dar-lhe-ei  minha voz incerta
para que na emoção sincera
em doce ilusão
diga o que desejo ouvir.

E assim
saciando carências e afetos
pensaremos as dores íntimas
espinhos eternos
por um momento distraídos
atenuados venenos diluídos
em  descanso provisório.

 Consolo no calor do colo.

Eliane Ratier- novembro de 2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Livros- Cartas a Cassandra- Ely Vieitez

Fazia tempo que queria ler este livro.
Gosto de cartas, eu as escrevi por anos, e sinto falta do ofício embora "Cartas a Cassandra" não seja um livro de correspondências.
O romance  usa o artifício da forma tornando-se conversa íntima com o leitor.
Adorei o livro.
Um livro para mulheres e para homens interessados na arquitetura do pensamento feminino.
Intenso, rico, pontilhado de experiências próprias , alheias, ficcionais, que a autora partilha generosamente, instigando a reflexão, a busca pelo ponto de identificação, a cumplicidade.
Um livro para remexer entranhas.
Um livro que faz brilhar, como estrela de rara grandeza, sua autora.


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sarau Paraler- os Mestres- 25 de outubro

Sei, sei, que 25 de outubro é outra efeméride, Dia do Dentista, pela qual também recebo cumprimentos, mas o mês é também dos Mestres.
Então foi no dia 25 que fizemos o sarau em homenagem aos mestres.
Um evento que prezo por dar a oportunidade de expressão aos novos talentos descobertos e estimulados por seus mestres em cada escola.
São minhas parceiras constantes a Maris Ester, presidente da Casa do Poeta de Ribeirão Preto e coordenadora da sala de leitura da EE Diva Tarlá, uma escola localizada em um bairro distante , o Ribeirão Verde e a Heloísa Martins Alves, coordenadora e professora da EE Otoniel Mota, escola da região central da cidade.
Os jovens trouxeram textos escolhidos e produções próprias , uma amostra de seus talentos, música e arte dramática, trabalhos premiados e a platéia formada por professores, alunos, escritores e interessados os acolheu com o merecido respeito.
Eu me emociono e me surpreendo sempre e a tônica da noite foi essa: emoção.
Vi olhos brilhando, abraços sinceros rescendendo a despedidas, sorrisos de feliz partilha, bocas abertas de espanto e surpresa.
Aplausos muitos.
O texto de abertura foi uma carta escrita ao jornal da cidade por um advogado sobre a sua ex-professora, a famosa Dna Florianete,  por ocasião de sua morte.
Algumas frases costuraram os temas, mas o show mesmo foi da platéia/palco.
Senti-me desnecessária, o sarau aconteceu sem mando, espontâneo. E isso foi ótimo! Sinto-me realizada e por isso sou grata.
Sou grata à Marylene Barrachini  que nos abre as portas numa manifestação de generosidade ímpar e à toda  sua equipe que faz acontecer.
Sou grata às parceiras, aos alunos, aos fiéis colaboradores que sempre apoiam o evento, aos escritores presentes e sua valiosa contribuição.
Desta vez fui alvo de homenagens, Leda leu um poema meu, Graça fez um acróstico com meu nome.
Sinto-me honrada. Obrigada.
Bordando toda a cena tivemos a Graça Abreu cantando divinamente acompanhada pelo filho ao violão numa parceria de sangue. Foi pouco, Graça é um deleite e queremos mais.
Como fecho perfeito o Fabio trouxe cenas de filme alusivas a data e assim o sarau ganhou até cinema.
Deixo aqui as frases e as fotos, registro dos bons momentos.
"

 Aprender é uma das minhas ocupações prediletas, por isso amo professores, e mesmo não sendo uma, tenho convivido  com eles por questões de trabalho, por 23 anos.
Cuidemos das sementes, cientes que as dispersamos constantemente e não sabemos, nem temos idéia,do alcance delas.
Na vida temos muitos mestres, e não é porque saímos da escola que deixamos de tê-los. Todos ensinam e tem a capacidade de aprender.
 Mestre é aquele a quem você pode recorrer, seja pessoalmente, em memória, ou mesmo através deste instrumento tão especial, que é o livro.
Ensina-se formalmente, giz , lousa, instrumentos. Ensina-se pelo exemplo, pela convivência, pelo afeto e pela repulsa.
Aprender é para sempre, é eterno.
Cada situação, boa ou ruim, nos traz a oportunidade de ganho de saber. Cada ato demanda uma resposta, que nem sempre temos pronta, aí temos que ir aprender."



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Livros- Vestido de Luxo- Graça Abreu

Graça Abreu sempre nos encanta com a declamação de poemas.
Foi pensando assim que procurei em vão pelos poemas no delicioso livro de contos de Graça.
Vestido de Luxo traz uma gama variada de assuntos, tratados de maneira inusitada, sempre uma surpresa a espreita. Um conto que continua em nossa cabeça, uma abertura de possibilidades a novos rumos, ao reconto.
Surpreendi-me agradavelmente.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Livros- O amor tem mil caras- Lídia Aratangy

Não sei bem como conheci  a autora, talvez por textos em revistas femininas, ou pela televisão. O fato é que me identifiquei de pronto com as idéias.
Encontrei-a em uma longínqua Feira do Livro , depois nunca mais ouvi falar.
Este livro, um pocket ( acho que ando querendo livros curtos), é um livro para dar para as filhas moças que começam a enfrentar o mundo das mulheres com todos os mitos, lendas e crenças que o cercam.
Espere aí! Não é um livro de auto- ajuda, é um livro de crônicas, um livro espelho que, por seus assuntos, conduz a uma conversa sincera, e promove conforto por seu acolhimento.
Canais lacrimais desentupidos, meio- sorriso esboçado, tem outro livro dela no armário.
Pensar, refletir, tentar entender-se  e entender o humano, tarefa para a vida toda.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Notícias Poéticas- outubro de 2012




Notícias Poéticas- outubro de 2012

É primavera plena.
As Sibipirunas disputam espaço com os Jacarandás-mimosos na decoração do chão.
Amarelo, roxo ( suave quase pluma), amarelo, roxo, amarelo , amarelo, roxo.
Por aqui as Sibipirunas estão ganhando .
Os Flamboyans dominam os céus imitando poentes aos meios-dias.
Vermelhos e laranjas encimam o verde em tetos florais.
À noite, perfumosas, as damas em discretos buquês, perturbam os passantes insinuando romances.
Está quente, há brisas noturnas, amanheceres precoces, anoiteceres tardios .
Há uma disposição renovada para o trabalho.
Novos planos são feitos.
Sonhos se realizam.
Sorrimos e trilhamos o caminho inédito que nunca mais será o mesmo.
As mãos unidas são nossa garantia de êxito.
Somos, mas não estamos, sós.
Feliz outubro, com crianças, professores, médicos, dentistas,  santos  e padroeiros.

Abre-se outubro.
As promessas da semente
agora são flores
onde o fruto 
sumarento e doce se adivinha.
Na beleza do tudo
há motivos de alegria.
De suores derramados
faz-se o êxito da vida.
Nestes olhos de espelho
brilha a seiva humana.
Das mãos unidas
faz-se a força indômita.
No coração disposto
o amor
Ah! Sempre ele!
 reinicia.

Eliane Ratier- outubro de 2012

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Livros- Augusto dos Anjos

Desejo reanimado pelas notícias do Encontro de Escritores na Paraíba, terra natal do poeta, cacei do  fundo  do baú de futuros um livro de poemas de Augusto dos Anjos.
É um livro tipo de bolso, distribuído às bibliotecas escolares na década de 70 e que, não me perguntem como ( dificilmente revelo minhas fontes), veio parar em meu armário ainda virgem .
Intocado por olhos e mãos, abri-lhe as páginas no fio da régua ( adoro isso!), na exclusividade da primeira posse embora uma sombra de tristeza enrugasse a testa: como pode um livro destes, dentro de escola, ter ficado intacto por 3 décadas?
Bem, a ele!
Temática incomum, não soubesse que ele fora advogado, julgaria-o médico ou cientista, tão bem fala das funções fisiológicas e de detalhes anatômicos do homem e da natureza.
O poeta soturno, talvez caísse no gosto desta juventude atual fã de vampiros e afins.
Admirável domínio da linguagem na crueza e verdade de seus textos.
Seria ele um discípulo de Byron?
Deixo um trecho de mostra e lembrança:

Debaixo do Tamarindo
Augusto dos Anjos
No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilissimos trabalhos!

Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

E o mutirão acabou em pizza!


Amigos, para quem ainda não sabe, sou dentista do  serviço público municipal.
Trabalho em escolas com ações preventivas e curativas.
Nestes 4 últimos anos tivemos um trabalho em grupo, o mutirão, que se estende por 2 meses.
São 2 meses em boa e rara companhia.
Neste ano nossa " chefe", Josiane, abriu generosamente as portas de sua casa para uma confraternização.
Aproveitamos para abraçar, já saudosos, uma turma que em breve se aposenta.
Tive o privilégio de uma pequena fala que divido com vocês, para dar-lhes a ciência da emoção.




Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
                                                                   Cora Coralina
Amigos, somos este semeador a quem a noite surpreende ainda na lida.
Não colheremos os frutos, eles são o futuro, trabalhamos numa hipótese, sem garantias, trabalhamos porque acreditamos, mais nada.
Somos pessoas de fé.
Saúdo, em nome de todos, os aposentandos  que  muito semearam em sua jornada, não só na partilha do saber técnico,mas principalmente na troca generosa de experiências,  em nossa rara mas intensa convivência.
Chegar onde vocês chegaram não é só questão de tempo, tem a ver com paciência e persistência.
Trabalhamos na adversidade e sabemos o quanto somos tentados a largar o emprego.
Aposentar-se é também uma vitória.
Não desejamos sua partida, mas sabemos que é merecida e para nós é garantia do cumprimento de nossa  jornada.
Amar é desejar o bem ao ser amado , mesmo com prejuízo próprio.
Assim lhes peço que aproveitem cada raio de sol ( que se transforma em vitamina D em nossa pele, essencial para a saúde) em nosso nome, enquanto ainda gastamos a vista sob os refletores;  que percorram novos caminhos ( sim, há tempo, haverá cada vez mais) e maravilhem –se com as paisagens, nós estaremos por aqui, trilhando estradas no automático, trabalho-casa;  que parem de contar os minutos quando estiverem se divertindo, amando, ou gozando a vida, nós da ativa estaremos presos ao controle feroz do tempo, e por fim , lembrem-se que vocês não nasceram dentistas, nem funcionários públicos, são antes de tudo  humanos com habilidades e dons, que muitas vezes ficam soterrados sob o fazer técnico, dêem-se a chance de uma boa olhada no baú dos guardados e tenho certeza que acharão belos tesouros.  Apurem suas habilidades, nutram seus interesses e dêem-nos sempre as boas notícias.
Nós que continuaremos apurando o saber técnico, por gosto e força de ofício, também queremos chegar aí, no especial tempo da aposentadoria.
Felicidades a todos!  Juliana, Katina, Rose, Clau, Zaparolli, Eneida, Tânia, Neigmar
Saudades antecipadas.
                                                                       Eliane Ratier – pizzada do mutirão 2012 

 com a amiga aposentanda Clau, na comilança



Carla Brochetto de Clau vestidas combinandinho com as bebidas.

A turma toda!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

São Francisco

Nestes dias onde tudo passou voando, corridinho, mas não batido, foi dia de São Francisco. O promulgador da paz, interlocutor de passarinhos, padroeiro dos animaizinhos que até foram às igrejas em busca das devidas bençãos.
Ganhei do amigo, a grata lembrança da oração de São Francisco. Linda!
 Nos meus tempos de igreja a oração era cantada e ao lê-la , a memória atiçada, tocou música.

" Pregue todo o tempo, se necessário, use palavras" São Francisco de Assis

04 de outubro- dia de São Francisco

Oração de São Francisco de Assis
Senhor,  fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
Felicidades a todos
Abraços
zéluiz

Livros- Epicuro

Um livrinho minúsculo abrigou minha curiosidade de anos. O que dizia Epicuro na sua filosofia?
Diferente do largamente apregoado, Epicuro diz da simplicidade e o prazer que isso traz.
Escrito em grego (no meu caso uma bela estampa para alegrar os olhos) e português.
Deixo aqui um pouquinho prá vocês.

 " Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la."

Na íntegra aqui:
http://www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/cl/cl010815.htm

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Aniversário- Meus novos amigos e grandes parceiros, Gustavo Molinari, Leandro Silva , Cristine Framartino Bezerra.

É assim: faço aniversário no dia dos namorados. Dia , por si só, complicado para reuniões festivas.
Quando éramos mais jovens e as paixões eram cotidianas, os amigos vinham meio a contra-gosto porque queriam ficar com seus amores.
Fiz festa temática, no restaurante, mudei de dia, tudo para favorecer a companhia.
Até na praça , em plena Feira do Livro, aconteceu o meu dia.
Mas à noite ,  o bolinho era sagrado e lá vinha a família, pai, mãe, comadre, amiga de vida.
Este ano foi diferente.
A mesa posta, o bolinho lá, a família ausente, os amigos ocupados com outras coisas mais urgentes.
O marido , a filha local, e o namorado da filha de fora, os convivas de minha festa.
Na boa, festa é sempre festa, independe de quantidade, prima pela qualidade. Eu fico feliz, sempre.
Então toca o telefone e são eles: os novos amigos.
Meus novos amigos são aqueles com quem tenho vivido bons momentos na lida artística.
Não sei direito como surgiram em minha vida, a primeira vez que nos vimos.
Tentarei aqui dizer meu como e quando, mas aceito réplicas e puxões de orelhas na memória.
Gustavo Molinari
Eu o vi tocando numa noite da Alarp e questionei quem era, daí o encontrei outras vezes em apresentações e ele acabou indo no sarau da Paraler, protagonizando um dos episódios inacreditáveis daquele lugar.
Para quem não conheceu a Paraler, a livraria ficava dentro do shopping e Gustavo disse que ia ao Sarau da França, era ano da França no Brasil (ou do Brasil na França?), e levaria cantores líricos para um concerto e um piano. Sim, um piano de verdade.
Foi uma das noites mais bonitas daquele espaço, ele levou o piano, os cantores e os vestidos farfalharam como num salão de antigamente.
Outras atrações fizeram daquela, uma noite memorável, mas esta foi a parte do Gustavo.
Continuamos nos encontrando pela estrada  até que ele, empreendedor que é, único e entusiasta, resolveu me incluir em seus espetáculos.
Gustavo me deu o palco do Pedro II, não a primeira vez, mas as exclusivas vezes.
Gustavo deve ter sido meu colega de berçário, e só nos reconhecemos agora.
Leandro Silva
Leandro veio pelas mãos de Gustavo, que o acompanha ao piano. Leandro é um jovem encantador, que canta serestas, coisa que ninguém mais faz, e me emociona cada vez.
É um cara peito aberto, sorriso franco,que ama a arte e, como todos nós, joga no time da sobrevivência.
Trabalha e canta e se equilibra um pé em cada banda.
Nunca ficará sem teto, todos tem vontade de levá-lo para casa.
Terá muito sucesso pois tem garra e qualidade.
Cristiane Framartine Bezerra
Antes de todos, testemunha e caminho de tudo.
Cristiane dava oficinas de literatura na casa da Cultura.
Quando comecei a levar a sério esta história de escrever fui me informar.
Cheguei lá e perguntei para a atendente sobre as oficinas, nisto passa ela- Ih! Acabei de terminar uma!- e foi esta a primeira vez que percebi Cristiane, ela não, nem deve lembrar desta história e depois foi indo, foi indo, pela companhia de outros amigos, pelos mesmos eventos, pelo olhar amoroso, a disposição otimista,  desabafos de porta de livraria, até virar esta minha irmã geminiana, dia depois do meu, de Santo Antônio, pessoana, de Fernando Antônio, ascendentes, luas , as mesmas.
Decerto foi a renda tecida pelos anjos , agulhas de prata, risos, asas farfalhando.
Não estamos sempre juntas , mas estamos sempre.
Pois foi assim,que neste aniversário tive novos amigos à mesa, partilhando o bolo, bebendo o vinho, celebrando a vida.
Beijos, amigos.




quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Aniversário- Meus novos amigos e grandes parceiros

Meus novos amigos e grandes parceiros tem me dado presentes de valor inestimável.
Heloísa, do Otoniel, me adotou como patrimônio escolar, oficializou minha função na escola, e tem me proporcionado momentos preciosos junto aos seus talentosos alunos.
Oportunidades de conversa, troca , aprendizado, encantamento.
Gente interessada, eventos inspiradores e inéditos, jovens com energia e sonho, planos, garra, vontade.
Professores que são boa companhia sempre.
Espaços privilegiados como o auditório da escola, a biblioteca, a Feira do Livro, o Palace, o PedroII, páginas de livros.
Junto com os espaços e eventos, mais parceiros, pessoas na mesma vibração, olhos brilhantes, felizes por estarem juntos em torno da mesma causa: a escola Otoniel Mota
No dia de meu aniversário, Heloísa estava com os alunos em um evento onde eu deveria estar.
Fez-se representar, no meu dia de festa, por um vaso de flor de mimo ímpar.
Heloísa é um modelo de delicadeza, educação , eficiência e dedicação.
Sinto-me honrada por sua amizade que desejo duradoura.
Abaixo as fotos do lançamento do vídeo sobre o aniversário do Otoniel. Nelas, os amigos e parceiros dos olhos brilhantes.
Beijos em todos!






segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Livros- Caminhos de Bicicleta- Raquel Naveira

Peguei uma carona na bicicleta da Raquel e passeei por cenários de minha infância, costumes e lugares inéditos e ao mesmo tempo , de alguma forma, familiares.
Há prosa, poesia, memórias, outras autorias.
Raquel fala das andanças por sua terra , o Mato Grosso, terra de meu pai e ainda de minhas primas.
Foi um passeio delicioso.
Oferecerei ao pai a oportunidade de uma viagem das boas, destas que só um livro é capaz de proporcionar. Viagem de tempo e memória, sem sair do lugar.

domingo, 16 de setembro de 2012

Notícias Poéticas- setembro de 2012



Notícias Poéticas - setembro de 2012

Sonho setembro como um alento de frescor e beleza.
A grama, recuperada, será acolhedora aos olhos.
As flores, em sua vocação, enfeitarão a vida.
Nós espalharemos sorrisos de prazer, abriremos braços para os encontros e encostaremos nossa fronte num peito amigo, que sob a lua cheia palpitará amores.
Canoros e trinantes, os pássaros farão a trilha sonora das perfumadas manhãs.
Eu e você nos sentiremos livres de novo e afundaremos os pés na relva fresca num gesto  de memória ancestral. Acordaremos em nós o reino animal.
Daremo-nos as mãos e celebraremos a chegada do sinal dos tempos.
As faces resplandecentes nos dirão que, a despeito do tempo, somos e sempre seremos  seres  cíclicos, mutáveis, adaptáveis, renováveis.  Seres a espera de uma  primavera.
_____

Quando o horizonte for verde
teus olhos, Rosinha, encontrarão o tom.
Brilharão mais que a mais fina e preciosa pedra
mais que as bolhas de sabão ao sol
mais que a estrela solitária no céu
mais que o  arrebol.
Porque, Rosinha,
quando o horizonte verde for
será  o tempo de se plantar semente
no chão, no ventre.
 Serás terra lavrada
Eu, semeador
Tu, pele rosada
Eu, cavaleiro protetor
Tu, doce amada
Eu, fiel servidor
Tu, desejo encarnado
Eu, louco de amor
Tu, para sempre minha
Eu, para sempre teu
Tu e eu seremos nós
quando o horizonte
perder o pó
e for verde
verde só.

Eliane Ratier- quase setembro de 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Livros- Retrato do Artista Quando Jovem- Joyce

É triste confessar, mas abandonei Joyce.
Desejei-o tanto, o autor de Ulisses, e não dei conta.
Reconheço o estilo inovador mesmo em tradução, mas o assunto não me interessa.
Sei que deve ser o momento. Já cometi semelhantes desatinos antes com Clarice e Caio.
Então o deixarei na estante, à espera da minha maturidade ou quem sabe como guia para uma visita à Dublin.
Quem tiver algo em defesa, ou um consolo qualquer, que se apresente.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Aniversário- AORP

Continuando a dividir com vocês os meus presentes, quero falar da AORP.
A AORP é a Associação Odontológica de Ribeirão Preto.
Apesar de estar cada vez mais voltada para o lado B da carreira, me aposentando da função de dentista, sofri um agradável resgate.
Renata Lolatto,  orgulhosamente a primeira mulher presidente da sexagenária associação, colega de lida do serviço público, surpreendeu-me com o convite para integrar a sua diretoria.
Surpreendi-me , temente, em ter aceito, e confesso que tenho tido excelentes surpresas.
O grupo é dedicado e partilha com generosidade suas habilidades.
A convivência é rica e o aprendizado constante.
O clima fraterno é da melhor qualidade  e estou feliz entre eles.
Além disso tenho a oportunidade de realizar ali, junto aos colegas de profissão, minha outra missão de vida que é a difusão da arte, o polimento da sensibilidade, possibilitando um aprimoramento do humano, melhorando o profissional.
Faço o que acredito.
Só faço porque tenho o apoio dos que me cercam, a confiança.
Obrigada amigos da AORP por bordarem mais esta flor no meu caminho.

fotos? aqui:



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Notícias Poéticas- agosto de 2012


Notícias Poéticas- agosto de 2012

Agosto , vento enfunando as velas, pé de vento tirando o fôlego, surpresa nas saias suspensas, areia nos olhos pisca- pisquentos  incréus.
Segura!!! Agosto está  a todo vapor!
Galopante, excitante, promissor.
Senta não ! Vai perder o bonde.
Esteja pronto, amigo.  Firme o pé no estribo, sacode mas não derruba, o risco é parte da luta.
Quem diz “sim” agüenta o tranco e recebe as glórias.
Porque de graça, nadinha!
Preço pago: corredor ou janelinha?
Bom proveito!






                                                          Agosto
Péde vento!
Saias suspensas.
Areia nos olhos  pisca-pisquentos  incréus.
Surpresas!

Leve  meu desejo ao léu
Carregue para a terra sedenta
 as sementes aladas
na esperança da chuva,
vindoura água do céu

Na madrugada insone de belezas,
sonhando aconteceres,
seus sinos soprarão segredos
sobre a intuição da pele.
Língua estranha traduzida
em toque , tato e abandono.

Seu corpo enfunará as velas
O barco singrará os mares, irrefreável
Mãos feridas
panos rotos
Serei pai,  almirante, capitão, patrão
 mestre, ordenança
 grumete
 estafeta.
Serei o barco.
Serei o vento
a espuma
o sal
a cegueira e a fúria.
Serei o sim.
Sou
assim.
Tem vento semente sino barco dentro de mim.

Eliane Ratier- agosto de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Livro- Mistérios da Criação Literária- Como escrevo?- José Domingos de Brito

Nem sei mais onde comprei o livro do Brito, só sei que para minha total surpresa e encanto, tive-o como colega de trabalho no estande da UBE na Bienal deste ano.
Não precisa nem dizer que tietei um monte e aproveitei de sua simpatia e conhecimento.
José Domingos Brito é curioso de nascença e vai pesquisando e achando e compilando e mostrando em suas publicações , e na ótima página http://www.tirodeletra.com.br/  ,suas descobertas.
Este livro traz depoimentos de escritores, pinçados de entrevistas e uma pequena biografia, levando você a se perguntar por quê ainda não leu aquele autor.
Texto que revela e instiga, atiça a curiosidade para o mais.
Conheçam . Vocês vão gostar.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Livros- O herói desvalido- Maria Carpi

Maria Carpi nos deu a honra de sua visita durante a Feira do Livro, em junho deste ano.
Motivada por sua vinda, embora já anteriormente advertida pelos mestres sobre sua qualidade, curiosa para saber sobre a origem da herança poética que seu filho carrega,  provei de sua poesia e expus-me à sua presença.
Maria Carpi me dói em sua beleza, sem explicação racional, apenas me dói como uma lembrança de alguma condição essencial, sem aflição, sem pressa de passar.
É uma amostra desta beleza peculiar que deixo aqui para vocês.

O Herói Desvalido, canto 4 , Um ramo de alegria, 2- Maria Carpi

Eu procuro dolorosamente
por tua alegria: meu ponto
de inserção no mundo.
Por mim, estaria dispensada

da escritura, esse processo
de vários tomos e uma ausência.
Mas oque ainda escrevo,
em estrita obediência à luz,

não passa de um breve, um
salmo, de interioridade caindo
de madura, entre brandos lenhos.
Porta, deixa eu me deixar abrir.

Amor, deixa eu me deixar amar.
Caminho, deixa eu me atravessar.
Verdade sem face, deixa me clarear,
passando pelo copo espesso

da calúnia e da blasfêmia.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Aniversário- dia da poesia

Estava acompanhando no face o aniversário de uma amiga que postava a foto de cada presente recebido.
Achei tão bom, que fiquei com vontade!
Então vou fazer a mesma coisa, com um certo atraso.
Acontece que não tenho mais esperado pela data do meu aniversário para receber os presentes.
Esta declaração causou furor, este ano!
É que tem acontecido tanta coisa boa, que tudo para mim é presente sempre.
Meu aniversário foi em junho e venho recebendo presentes desde março e ainda os estou recebendo.
Assim, permito-me dizer-lhes das belezas que me tem sido presenteadas, para que fique registrado e para que todos saibam como me tocam com seus gestos, palavras e atitudes.
No meu aniversário não há necessidade do material, nem da presença, o importante é que pensem em mim e de imediato estarei cercada pelo carinho do pensar de alguém.
Vou começar pela homenagem que recebi na escola Diva Tarlá, pelo dia da Poesia.
Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida.
Ter o texto lido, estudado, apreciado, comentado e ilustrado pelos jovens alunos da escola e poder estar ali presente para receber tudo isso, foi um dos momentos mais importantes da minha vida.
Devo esta bela recordação à minha amiga Maris Ester, presidente da Casa do Poeta de Ribeirão Preto, minha colega de UBE, professora da escola e incansável batalhadora pela causa do livro e da leitura, especialista em valorizar o ser humano através do reconhecimento de dons e da iluminação dos mesmos.
Saiu até na página da educação:
http://deribeiraopreto.edunet.sp.gov.br/divana.htm

Aqui , as fotos.



Maris, meninos e meninas do Diva, vocês são eternos , marcados pela emoção, inesquecíveis.
Obrigada.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Fabrício Carpinejar em aula magna sobre poesia


"POESIA A CÉU ABERTO"
1 comentário - Ocultar postagem original
[Image] Arte de Giacometti
A poesia está nos quadrinhos, na Bíblia, no rock, na bula do remédio, na etiqueta do sutiã. Não há como viver sem poesia. Ficamos incomunicáveis. Ela é um atalho da linguagem. Uma simplicidade comunicativa. Foi estigmatizada de difícil, de complicada, de inacessível, mas é o contrário: facilita o entendimento.

No futebol, o narrador morreria descrevendo um jogo. Ai, eu disse "morreria", desculpa, foi um exagero poético. É uma figura para dizer que ela se cansaria. A poesia exagera ou diminui, para chegar perto da adrenalina do momento. Morreria é uma sensação de ultrapassar os limites. Não é morrer de verdade, morrer literal.

Quando digo que minha mulher me levou aos céus depois de um beijo, eu não fui ao céu e voltei. É a impressão de vertigem do amor. No instante em que Pablo Neruda, poeta chileno Nobel de Literatura, coloca que o cheiro da barbearia lhe faz chorar aos gritos não é para levar a sentença ao pé da letra: ele confessa seu medo da navalha e da tesoura.

Antes as palavras eram somente palavras. O poema veio para colocar o sentimento dentro delas.

O locutor de futebol, na verdade, foi salvo pelas metáforas, senão a partida duraria 360 minutos. Metáfora é falar algo por uma comparação. Quando o radialista comenta que Neymar deu um lençol no Chicão, ele evitou de explicar que o atacante santista lançou a bola por cima da cabeça do zagueiro corintiano e buscou do outro lado. Com uma imagem, resolveu a questão, ganhou valiosos minutos no rádio. A jogada é igual ao desenho de um lençol.

Há um glossário futebolístico imenso que segue essa linha como janelinha, balãozinho, pedalada, bicicleta, elástico, folha seca, embaixadinha, trivela. A poesia é o apelido do mundo. Uma nova forma de nomear e inaugurar as coisas. Pode ser engraçado, pode ser sério. O apelido é um jeito de qualificar semelhanças. Para o bem. E para o mal. Quem pratica apelido, pratica poesia.

Nem o bullying escapa dos versos. Se alguém tem sardas pode ser chamado de Sarampo, isso acontece pela parecença com os sintomas da doença. Nem a sedução dispensa os versos. Mas quem tem sardas pode receber apelidos lindos, como Iluminado. Explico, sardas são como óculos na pele, parece que geram luz e fazem brilhar a coloração dos poros.

A poesia aproxima palavras que não se cumprimentavam. Palavras ranzinzas, que nunca conversavam no dicionário. Quanto mais diferentes, mais a união produz barulho e o efeito desejado de surpreender. Ela gosta mesmo de casar. Perfeito, a poesia é uma agência de casamento entre os vocábulos.

De um lado, o fogo. De outro, a tempestade. Os dois representam forças opostas. Poesia ama novidades, esquisitices, exuberâncias.

Vamos casar o fogo com a chuva? Temos que encontrar um ponto em comum. Que tal a rapidez? Fogo destrói casas com velocidade. Tempestade destrói casas com velocidade.

Feito o poema:

A tempestade é tão rápida quanto o fogo.

Certo?

As peças podem ser antagônicas, o importante é definir uma convergência, uma intersecção.

O que a ovelha tem de igual com a água?

A lã e a espuma são brancas e repousam na superfície.

Desse jeito, permito-me definir que

A lã é a espuma do rebanho.

É uma brincadeira que combina mais com o nosso raciocínio emocional, repleto de desejos, arrebatamentos, vontades.


[Image]

O ensaísta Nelson Rodrigues enfrentou a pobreza na infância, não tinha almoço e nem janta e enganava o estômago tomando água. Usou a poesia para que o leitor percebesse a gravidade da situação.

― Eu não bebia água, comia a água.

Pois a água era sua refeição. Ele traficou sentidos entre os verbos. Assim como quem já teve infecção na garganta, tem todas as condições para compreender a água como um alimento. Demora a descer, a ponto de necessitar de dentes para ingeri-la.

A poesia fotografa a emoção. É um detector de emoção das frases. Ela recombina palavras, tornando a leitura nervosa. O escritor Paulo Henriques Brito poderia ter escrito em um de seus poemas:

Noite cheia de estrelas.

Mas inventou de digitar:

Noite encaroçada de estrelas.

O adjetivo mudou a feição do verso, apesar de expressar idêntica mensagem. O primeiro verso é um lugar-comum, aquilo que a maioria está cansada de repetir em cartões românticos. Já o segundo, tem um encantamento preciso, sutil. Encaroçada lembra algo penoso, um desafio a superar, uma dor perigosa. Partilha vizinhança com o diagnóstico do câncer (caroço).

Descobrimos que é uma noite particular de sofrimento, não uma noite de prazer e alegria. O caroço também traz a ideia de nascer de novo, de germinar. Uma palavra ― e só uma palavra encaixada com sabedoria ― possibilitou uma gama infinita de interpretações. Quanto mais sugestões o poema produz, mais rico ele é.

A poesia é fábula, pacto mágico com o interlocutor. Toda ação estranha é normalizada. Toda normalidade é estranhada. Se Carlos Drummond de Andrade expõe que

Do lado esquerdo carrego meus mortos.

Tal atitude – ainda que improvável, ainda que não enxerguemos os mortos - tem um resultado:

Por isso, caminho um pouco de banda.

O esquisito resulta em dano prático e razoável. Ele anda torto porque carrega seus fantasmas.

A poesia troca as funções do que é conhecido e comum. Muda as idéias de lugar para chamar atenção. É um jogo gigante dos sete erros com letras.

― Ai, dor de pólvora em meus olhos ― exclama o poeta espanhol Federico Garcia Lorca.

Além de inserir pólvora nos olhos, substitui o fogo por dor.

Dor (fogo) + pólvora (explosão) + olhos

Ocorre a mistura de três elementos até então vedados, separados. O mais impressionante é que a cena remete a uma experiência; antigamente, na hora de atirar com uma espingarda, o rastilho de pólvora ardia os olhos.


[Image]
Animais e coisas são humanizados, e homens são coisificados e animalizados. Para impor uma percepção diferente daquilo que é vivido. Mulheres voam, cavalos batem palmas, peixes correm, cachorros gritam.

O que leva a Manoel de Barros a formular cenas pitorescas. Para apontar que passou muito tempo, ele versifica:

Na outra margem do rio,
as águas já tinham até criado cabelo.

Cabelo que é do homem agora é da água. E faz todo sentido visual: o que é o cabelo do rio senão raízes trançadas das árvores em volta.

Um dos pontos altos da poesia é modificar o senso comum, questionar as aparências. Seu motor de diálogo é a curiosidade infantil, insaciável. O poeta português Gonçalo Tavares estabeleceu uma inversão importante: pagamos a conta da luz todo o mês, mas se pagássemos a conta do escuro, qual seria a maior? Ao apagar a luz, estaríamos acendendo o escuro. Ao acender a luz, estaríamos apagando o escuro. Alguém já pensou sob essa perspectiva ingênua e ― incrível ― pertinente?

A luz representaria nossa alegria, nossa esperança, nossa saúde. O escuro é a nossa tristeza, nossas dores, nossas doenças. Qual usamos mais? A partir de um ponto de vista inédito, propõe a raciocinar como cuidamos de nossa vida. Somos leves ou pesados, otimistas ou pessimistas, confiantes ou desmotivados?

O poema é como uma escada, cada pergunta é um degrau.

Vou entrar numa igreja. Veja a pia com a água benta. Faço o sinal da cruz. O que seria automático não é mais porque eu pergunto.

- Água está parada? -

- De onde vem ela? -

- É potável ou suja? -

Os questionamentos formam a escadinha para atingir o verso, que é o telhado. Então, finalizo:

Será que Deus é potável?

O leitor não terá a minha escada, lerá somente o verso "Será que Deus é potável?", no qual troquei a água benta por Deus. Eu tiro a escada no livro, para que ninguém descubra como subi no telhado e permitindo que cada um crie suas próprias perguntas. Por isso qualquer verso é cercado de vazios e silêncios. São perguntas que desapareceram.


[Image]

Porém, não caía na tentação de confundir poesia com doideira. Ela tem método, dinâmica, uma estrutura definida. Traz uma história visível e outra invisível. Como num conto, privilegia a surpresa no desfecho, o choque, o "eu não imaginava" que nos incita a releitura para observar melhor o caminho.


O poema contraria as expectativas. Sempre. Adélia Prado confessa:

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.


Você supõe que ela vai apoiar a repulsa caseira de desventrar o cardume. Veja como continua:

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.


Entendeu? O que é ruim é maravilhoso, o que é agradável é nocivo. A poeta nada na contramão do clichê e estabelece uma definição diversa da rotina e dos hábitos.

A história visível é: horrível limpar peixes e acompanhar a volta do marido da pescaria. A história invisível, que somente aparece depois, é: amo dividir a madrugada com o marido mesmo que seja limpando o peixe.

Aquele que é do contra está a favor do poema. E nem sabia.




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Publicado na revista Vida Simples
São Paulo, Junho 2012 / Edição 120 Ps. 40-45
postado por Carpinejar às 20:25 em 02/07/2012