segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Livros- Augusto dos Anjos

Desejo reanimado pelas notícias do Encontro de Escritores na Paraíba, terra natal do poeta, cacei do  fundo  do baú de futuros um livro de poemas de Augusto dos Anjos.
É um livro tipo de bolso, distribuído às bibliotecas escolares na década de 70 e que, não me perguntem como ( dificilmente revelo minhas fontes), veio parar em meu armário ainda virgem .
Intocado por olhos e mãos, abri-lhe as páginas no fio da régua ( adoro isso!), na exclusividade da primeira posse embora uma sombra de tristeza enrugasse a testa: como pode um livro destes, dentro de escola, ter ficado intacto por 3 décadas?
Bem, a ele!
Temática incomum, não soubesse que ele fora advogado, julgaria-o médico ou cientista, tão bem fala das funções fisiológicas e de detalhes anatômicos do homem e da natureza.
O poeta soturno, talvez caísse no gosto desta juventude atual fã de vampiros e afins.
Admirável domínio da linguagem na crueza e verdade de seus textos.
Seria ele um discípulo de Byron?
Deixo um trecho de mostra e lembrança:

Debaixo do Tamarindo
Augusto dos Anjos
No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilissimos trabalhos!

Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!

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