domingo, 30 de janeiro de 2011

Manuel Bandeira- roteiro de viagem

Hoje, no jornal A Cidade , daqui de Ribeirão Preto, Ely Vieitez invoca por suas palavras, a poesia, e a poesia na voz de Manuel Bandeira.
Beijo-a e saúdo-a por isso.
Como me encontro de certa forma envolvida com preparativos de viagem, deixo-vos um poema roteiro do Recife, terra natal de Manuel.
Quem for por lá, siga-o com o poema em mãos.

Evocação do Recife

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois - Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância

A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras, mexericos, namoros, risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:

Coelho sai! Não sai!

A distância as vozes macias das meninas politonavam:

Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)

De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.

Rua da União...Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame do dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
- Capibaribe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade

Recife...
Meu avô morto...
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô

Libertinagem 1930

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Êh, São Paulo!!!!

Hoje é aniversário de São Paulo e vejo minha caixa de entrada ser inundada por notícias sobre a terra mãe de todas as nossas terras. A capital do nosso interior. A ambiguidade do desejo que é necessidade, do amor apaixonado que explode em doentios ódios, da cidade das oportunidades e da exclusão.
Quer se dar bem? Vá para São Paulo!
Quer se esconder de algo, de alguém, do mundo? Vá para São Paulo!
Quer a excelência em tecnologia? Vá para São Paulo!
A vanguarda artística? São Paulo.
Problemas sérios, soluções únicas,´ trânsito, enchentes, tudo 24 horas?³
São Paulo!!!!!!!!!
Brindo à São Paulo, por ser o que é. Por abrigar meu passado, guardar meu futuro, dar-me a esperança do vir a ser, encher-me os olhos de luzes num permanente pasmo de surpresa.
Aplaudo São Paulo, por não se deixar sucumbir às más notícias, desalentos cotidianos que nos fazem pensar duas vezes se devemos fazer do dia ainda útil, um feriado, sob pena de perda total.
Afinal, São Paulo não pode parar.
Seu ruído de fundo é um grande motor ininterrupto ligado em algum lugar, marcando o ritmo sobre o qual desenvolverão-se outras harmonias de coletivos instrumentos e melodias individuais de riso, de dor, de canto à celebrar a vida na cidade de São Paulo.
São Paulo, teu maior encanto é tua diversidade e a perene inquietude que suprime a respiração, perante cada possível encontro ou desencontro que transforma tua gente em gente que se adapta, mutante, buscando o ponto de conforto da convivência pacífica em salvação própria e benefício comunitário.
Salve São Paulo, a cidade onde o um afeta todos, mas todos sabem ser pelo um.
Partilho com vocês minha inspiração para o texto:
- foto da capa da edição de hoje da Folha de SP
- reportagem do telejornal Hoje
- descobrir que a letra do "Êh, São Paulo", é de Alvarenga e Ranchinho
- ganhar um link para as fotos das "janelas de São Paulo"
Beijos e obrigada

domingo, 23 de janeiro de 2011

Luiz Fernando Carvalho

Quando falei para vocês das recentes mini séries da Globo, talvez não tenha dito que " O que querem as Mulheres?" uma das prediletas, era dirigida por Luiz Fernando Carvalho, o mesmo diretor de " Hoje é dia de Maria" e Lavoura Arcaica.
O seu fazer é de poesia e sonho dando ao trabalho ares oníricos e encantados.
Hoje li um seu artigo no jornal e percebi que sua fala é também poética e que ele põe na imagem o que o pensamento guia.
Luiz Fernando Carvalho é poeta, antes de ser cineasta, pois a poesia está na maneira de pensar o mundo.
Uma maneira que liberta e expande as fronteiras, uma maneira que tudo admite, inclusive o impossível , o irreal, uma maneira lúdica, que brinca com as possibilidades e que por ser assim tão diferente acaba despertando em alguns uma identificação dormente e às vezes até desconhecida que se mostra no rosto em forma de sorriso e lágrimas.
Um brinde à Luiz Fernando, um brinde aos poetas.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Objetos de desejo

Desejo , desejo,ocupa a mente com sonhos, paraliza diante da escolha, move a realizar.

Morro de vontade de conhecer o Museu da Lingua Portuguesa. Passei na frente tantas vezes, entrei no saguão, babei nos cartazes e nada, nada, nada.
Parece que não me dou o direito, sei lá.
Agora é a biblioteca Mario de Andrade que acena como novo objeto de desejo, no centro de São Paulo, à ser inaugurada no próximo dia 25 de janeiro , aniversário da cidade.

Não há planos de ir vê-la. Há desejo.

Quem for até lá que me faça vontades, fotografe e me mostre, respire e exale seus ares baforando em meus ouvidos atentos.
Eu estou por aqui caçando coragem...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

As Notícias e a Jairzinha

Então, as Notícias Poéticas, são textos que envio mensalmente aos que fazem parte da minha lista de emails.
Elas são um comentário do mês em curso, percepções, acontecimentos, enfim, o que a inspiração mandar, acompanhadas de um poema fresquinho ( geralmente), feito na hora, sem muito dormir, sem pouco lapidar.
Mando as Notícias e alguns respondem.
Hoje coloco aqui a bela resposta da queridíssima amiguinha Jair Yanni.
Deleitem-se e permitam-se sorrir.

1)
Vamos direto ao poema:
agora sem hifen ou trema
somando os mesmos janeiros
aos demais dias que passam

Encherei vagões de histórias
já contadas e vividas.
Todas do mesmo assunto
virando salsicha ou presunto
com sabor e cheiros iguais.

2) sabe querida,
Não há novidade na vida
todos apostam corrida
de viver menos ou mais

Dependendo da roleta
do coringa ou bola preta
da sena se acumulada
vamos todos numa estrada
onde tudo é uma disputa
quem não ganha vai a luta!

E até que se finde o ano
novos planos, mais engano
porque sonhar o impossivel
é ver Quixote sorrindo
ver no chão a flor se abrindo
do inascecível lugar
e isso é bonito e faz bem
e nos faz andar.... alem

a repentista - Jairzinha 2011
feliciissimo Ano Novo

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Notícias Poéticas - janeiro de 2011




Notícias Poéticas- janeiro de 2011

Olá amigos, Feliz Ano Novo!
Embora pareçam tardios, bons desejos são sempre bem vindos.
Talvez devesse comentar o poema de Ano Novo, mas dou-me o direito de não fazê-lo, pondo-me de folga e transferindo-vos o trabalho.
Mando notícias das férias, este tão esperado e sempre adiado, período de ócio consentido.
Chove, faz sol, dá sono, fome, pouca sede.
Preocupa-me o fato de, ao findar de tão doce tempo, ter que envergar a armadura cotidiana: calça comprida, sapato fechado, atitudes sérias , graves assuntos, compromissos.
Eu que tenho andado descalça, sem relógio , vestida em poucos panos fluídos.
Meu corpo alimenta-se de liberdade, solto na constância de mornas marolas.
Os sentidos percebem belezas , que a mão preguiçosa recusa-se à registrar.
A mente vaga por paisagens de sonho, desenhando a giz barrocos croquis.
Sorrio de prazer.
O novo, este desejado acontecer, vem a todo instante, pelas janelas abertas da alma, a ventar cortinas.
Tatuo momentos num cantinho de pele, lembrança viva de felicidade.
Respiro...profundamente...
Bom Janeiro a todos.
Tomem bom fôlego, 2011 já começou.
Aguardo vossas boas notícias.
Beijos de Eliane

Feliz Ano Novo

Recebamos 2011,
Este primeiro ano da década,
Com alegria.
Cuidemo-nos.
Tenhamos fé no bem, esperança no bom.
Lapidemos amores
Redecoremos o entorno da vida
Aproveitemos o que temos
Pois temos em abundância,
Saúde, paz, amor e amizade.



Eliane Ratier, janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Livro da Tribo, poesia circulante

O Livro da Tribo, foi um dos co-responsáveis pela minha carreira literária.
Encantei-me com o design,as ilustrações, as citações, as poesias de autores tão desconhecidos meus e ao mesmo tempo tão íntimos. A maioria do sul. Alice Ruiz, Caio Fernando de Abreu, Hilda Hilst, e outros tantos.
Deixo aqui mais uma de suas inovações, a poesia circulante com o site do Livro. Vale uma visita.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Agentes de leitura na Bahia

Meninos e meninas, olha aí a Bahia tratando a leitura como essencial ao desenvolvimento do cidadão, fazendo com ela o que fazemos aqui com a saúde.
Parabéns! Sucesso!

Inscrições abertas para Edital que selecionará agentes de leitura

Publicação: 09/12/10 | 17H12 - Última Atualização: 29/12/10 | 16H12
A Secretaria de Cultura da Bahia, através da Fundação Pedro Calmon, em parceria com o Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura – MinC, lançou edital para formação de agentes de leitura, que atuarão em Salvador e mais 47 municípios baianos. O edital selecionará 572 jovens, com idade entre 18 e 29 anos, com ensino médio completo, para atuarem na democratização do acesso ao livro, por meio de visitas domiciliares, empréstimos de livros, rodas de leitura, contação de histórias, criação de clubes de leitura e saraus literários abertos para as comunidades. As localidades onde os agentes atuarão são aquelas identificadas segundo critérios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), definido pela Unesco/ONU, e de baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), definido pelo Ministério da Educação.
Cada agente de leitura receberá um kit contendo 100 livros, uma mochila, uniforme, uma bicicleta e uma bolsa complementação de renda no valor mensal de R$ 350,00 (trezentos e cinqüenta reais) durante o período de um ano, além da capacitação de 196 horas/aulas. Com dedicação de 25 horas semanais, atendendo a 25 famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, desenvolvendo atividades de mediadores literários, os agentes de leitura estarão integrados às bibliotecas públicas municipais, escolares, bem como aos Pontos de Leitura e Pontos de Cultura.
As bolsas serão prioritariamente destinadas às pessoas que estejam enquadradas abaixo da linha de pobreza. O processo seletivo consistirá de análise documental de caráter eliminatório, prova escrita e oral de caráter eliminatório e classificatório, análise curricular e entrevista de caráter classificatório.
As inscrições serão gratuitas e encerram-se em 31 de janeiro de 2011. Informações completas no link: http://www.fpc.ba.gov.br/node/1031

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tragédias

Ando consternada com as notícias sobre os desmoronamentos e alagamentos pelo país, nestes nossos tempos de chuva.
Molho o pé na enxurrada, fico encharcada , trafego em alagamentos, quase poças guardadas as proporções, e posso imaginar o tamanho do sofrimento de quem viveu e vive estes desastres naturais.
Não vou discutir culpas.
É a velha história do " se cada um fizesse a sua parte", junto com o " mas dá um trabalho!", mais o " amanhã eu faço" e o " se Deus quiser".
É o individual prejudicando o coletivo e cobrando o mais alto preço da vida, a morte.
Fico energéticamente de braços dados com aqueles que, mesmo vítimas, arregaçam as mangas para ajudar o outro.
Cuidar da dor alheia ameniza a própria dor.
Oro pelo consolo, que só o tempo trará, para aqueles que continuam respirando sobre a face da terra, lutando contra as incertezas, sofrendo as exigências do humano corpo e chorando a inexplicabilidade de seus mortos.
É o que daqui posso fazer além de doer.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Schumann e os heterônimos

Ora vejam eu aqui, ridiculamente, dividindo com vocês meus encantos de descobertas.
É que sou novidadeira por natureza. Está além de mim.
Em 2010 estivemos envolvidos com os heterônimos de Fernando Pessoa, e agora leio algo sobre o compositor Schumann usar do mesmo artifício.
Mesmo sendo formada em piano, sei pouco sobre música, muito pouco mesmo.
A matéria conta sobre os heterônimos " Florestan", impetuoso e arrebatado e "Eusebios", reflexivo e íntimo, que assinam partituras de Schumann.
Fez-me cosquinhas e vontades, eu esta curiosa sem limites.
Quem souber que conte mais.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Antonio Meneses

Gostaria mesmo de ter achado aqui algum escrito antigo sobre o violoncelista Antonio Meneses,feito com paixão após tê-lo visto tocar.
Antonio é reconhecido por sua excelência artística e eu tive o privilégio de vê-lo tocar aqui em casa, Ribeirão Preto,charmosérrimo, preso de paixão arrebatadora, imerso e entregue à sua arte.
Por estas e por outras, me declaro fã.



Quando o artista se permite este envolvimento, sua arte toca com sinceridade a platéia que fica contaminada pela beleza que dali emana.
Li, no mesmo jornal Folha de SP, ilustrada 11 de janeiro, sobre o lançamento de um livro que conta sua trajetória, fruto de depoimentos dados a jornalistas, durante uma pausa que o músico se viu obrigado a fazer por conta de tratamento médico ( um tumor benigno no pulso direito).
" Antonio Meneses- Arquitetura da Emoção", de Sampaio e Medeiros, tem boa avaliação da crítica e vem acompanhado de um CD. Boa dica para mim e para você. Fiquei curiosa e desejosa.
Quem comprar me conte.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Na telinha da Globo

Amigos as miniséries da Globo tem side excelentes. Pensanso assim, faço côro com aqueles que conseguem, apesar do horário, tardésimo, assistí-las (côro também na crítica).
Está no ar em seu último episódio hoje, 14 de janeiro,depois do BBB, URGH!!!!, " Quatro histórias de amor de Chico Buarque".
Assisti ao primeiro episódio, perdi o segundo e gravei o terceiro.
Lindo!!
Delícias ao som de Chico.
Mais uma bela produção a se juntar aos recentes " As Cariocas", "O que querem as mulheres?", e " Clandestinos".

Investindo em literatura

Hoje, 11/01/2011 ( linda data para uma postagem ou carta ou qualquer coisa assim), leio no jornal, Folha de SP, Ilustrada, sobre o jovem cineasta Rodrigo Teixeira, que tem o estranho costume de comprar os direitos de obras literárias, ainda em projeto, para o cinema.
Fiquei boquiaberta ante as somas, aos meus ingênuos olhos, astronômicas.
Dei corda ao sonho.
Sonho, este combustível de desejos, este giz que desenha planos nos etéreos planos do pensamento, e coaduna energias cósmicas para que a realidade estampe na face um sorriso de prazer por qualquer vitória.
Não sonho grandezas, mas ganhar algum dinheiro é validar seu trabalho literário neste mundo capitalista.
Boa sorte à todos os caminhantes.
Que topem com seus "Rodrigos Teixeiras" pelo caminho.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Dário Mega

Então foi hoje, 04 de janeiro de 2011, que fiquei sabendo que o amigo Dário Mega, havia falecido durante o final de semana e que já havia sido enterrado.
Tentei me lembrar de uma opereta para cantarolar mentalmente sem sua homenagem, mas nada me ocorreu na hora.
Agora me vem a letra craquelada de " Lábios que beijei" na voz de Orlando Silva, talvez esta sirva.
Dário era médico pediatra. Idoso sem aparentar. Fazia expediente diário na Santa Casa mesmo depois de aposentado da prefeitura, que foi onde nos conhecemos, no meu primeiro lugar de trabalho, o posto do Castelo Branco, em Ribeirão Preto.
Eu dentista novata, Dário médico para lá de experimentado.
Minha sala era em frente a dele e ele frequentemente acabava o serviço antes de mim. por isso vinha sentar-se à mesa da secretária e ficava por ali contando causos e cantando as operetas que me encantavam, proporcionando ao paciente da vez, música ao vivo.
Tinha um bela voz e contava da vida no Rio de Janeiro e da dúvida entre a medicina e a carreira de cantor. Tudo ali na rádio Nacional, na Cinelândia.
Eu sou muito boa platéia e adorava tê-lo por perto. Aprendi muito com ele sobre este gênero musical, das operetas, único e esquecido.
Saí do posto de pois de 1 ano e meio, fui para uma escola, um fazer solitário, sem colegas da saúde. Outro fazer.
Mas continuamos nos encontrando nos bailes anuais da Unimed, cooperativa médica da qual meu marido faz parte.
Era como se fosse para conferir que estávamos ambos sobre a terra, respirando e rindo, e reafirmar nosso prazer em nos ver.
Já fazia alguns anos que não o via nos bailes, nem pelas ruas, e não sabia notícias suas.
Acho que o que havia para saber já era parte do meu ser.
Vou procurar a letra da música para deixar aqui com vocês junto com esta linda histórinha.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Lendo obituários

Achava muito estranho quando via meus pais lendo o jornal e notava que eles procuravam a página de obituários em primeiro lugar.
Eu leio os jornais diariamente e se o tempo é curto obedeço uma prioridade de desejo que começa pelo horóscopo, depois o caderno de cultura local.
De uns tempos para cá, incluí na minha rotina os obituários.
É, minha vez chegou de encontrar notícias sobre os amigos e conhecidos nestas páginas, indesejadas mas de reconhecida utilidade.
Fico sabendo por ali sobre a morte de pessoas conhecidas, e até mesmo queridas.
Quando sei à tempo, e a perda é para mim importante, vou até o velório.
Um programa estranhíssimo, diga-se de passagem.
Caso a morte seja de parente de amigo, a finalidade é levar algum consolo aos que ficam por meio da presença.
Se a morte é de amigo, aí é caso de descrença mesmo.
Difícil acreditar que alguém tão vivo possa estar morto.
Aí vou até lá para conferir.
( Tem gente que vai só para ver a dor do outro, ou checar seu comportamento e traje de luto, ou mesmo, se o defunto for publicamente importante, só para assinar o livro de presença e ser visto pelos outros que estão ali pela mesma finalidade.Ah! e tem aqueles que sob a desculpa de homenagear o morto, põe seus dotes de oratória à serviço de si próprios, fazendo "exposição de sua figura". )
Nos poucos casos em que estive em loco para conferir, descobri que o amigo já não estava mais lá.
No lugar do rosto uma máscara guardando alguma familiaridade, mais nada daquela pessoa que você conheceu e conviveu.
A dor também é desconhecida, é assim que descubro como dói uma ausência.
Aprendi a cultuar a memória dos que se foram repetindo seus atos mais característicos e incorporando-os sem medo, e com créditos, ao dia à dia.
Assim mantenho-os carinhosamente por perto.
Hoje li no jornal sobre a morte de um dos queridos, logo partilharei com vocês sua história comigo.
Desculpe o tema, mas a morte faz parte da vida.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Poesia do dia- Caio Garrido

Onde Nascem as Chuvas

Onde nascem as chuvas?
No roçar das nuvens?
Do Sol?
Na face Sul ou Norte das cordilheiras?
Nos alpes andinos?
Nos nébulos londrinos?
Da comunicação com Sófocles?
Ou do Abraço já partido?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Edward Albee, dramaturgo

Acabo de ler uma entrevista de Edward Albee, dramaturgo americano de 82 anos, autor de peças famosas e polêmicas por causar incômodos à platéia.
Dentre suas peças cito algumas mais famosas: " Quem tem medo de Virgínia Woolf", " Tres mulheres altas", " Um Equilíbrio delicado", todas absolutamente inéditas para mim.

Pinço algumas frases que vem de encontro à minha crença:

" Muitas das minhas peças são sobre pessoas que estão vivas, mas morreram emocional e intelectualmente muito tempo atrás. Você pode estar morto no íntimo e ainda vivo"

" O que a arte precisa é ser mobilizadora de nossa mente e de nossas emoções. Ela não tem de nos deixar felizes, mas sim mais conscientes de nossos valores"

"A maioria das pessoas quer um entretenimento seguro e amigável. Não deseja que seja um ato de agressão. E quase toda arte , em seu melhor, é um ato de agressão contra o status quo. Ou seja, está ali mpara levantar questões, não para fornecer respostas fáceis, simples.
Mas se você faz perguntas difíceis, irrita muita gente. Essa é a função da arte, entretanto. Se ela não lhe saca do conforto, não é arte. O problema é que boa parte das pessoas tem preguiça intelectual."

" O único problema da democracia é que você tem o que quer, em vez daquilo que deveria querer. Numa democracia, swe voc~e é bem educado, pode tentar alcançar aquilo que deveria querer."

" Quando eu ia à escola , tinha uma classe de formação cívica, em que aprendia como o governo trabalhava e o que significava um ato político. Não se ensina mais isso na América. Também tive aulas de música, literatura e artes visuais. Hoje, elas não são consideradas importantes. As preferências das platéias são ditadas pelo pouco que aprendem. Se o cardápio ensinado fosse mais amplo, a gama de interesses seria mais diversificada. "

" Ensino porque aprendo ao fazê-lo. Sou muito egoísta. Se não existisse essa via de mão dupla, naõ funcionaria para mim. Sempre digo aos alunos: "Escrevam a primeira peça de todos os tempos. Inventem a forma , a estrutura, a idéia". Toda arte é reinvenção, não repetição. Arte ruim é repetição."

fonte: folha de sp, 30 de dezembro de 2010

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo- 2011



Recebamos bem o Ano Novo
Recebamos com alegria 2011
Com fé no bem
Esperança no bom
Cuidemo-nos
Lapidemos amores,
Redecoremos o entorno da vida,
Aproveitemos o que temos,
Pois temos em abundância:
Saúde, Paz, Amor , Amizade
Feliz Ano Novo



Vamos fazer muita Arte em 2011