quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Humor para um Feliz Ano Novo

A amiga Elisa Alderani mandou estas trovas que me fizeram rir. Partilho com vocês.

<<< Uma Trova Nacional >>>
Preguei uma ferradura
na porta do apartamento.
Escreveu-me a Prefeitura:
Prezado Senhor jumento...
Agnelo Campos/SP
 
<<< Uma Trova Potiguar >>>
Deus, quando criou Adão,
fez-lhe a mulher da costela.
Seria por isso, então,
que ele não vive sem ela?
Rosa Regis/RN
 
<<< Uma Trova Premiada >>>
2004 > Nova Friburgo/RJ
Tema > OTÁRIO > 2º Lugar
- Vai um chopinho? É do bom!     
- Eu só bebo destilado.
E o otário do garçom
pôs o copo do outro lado.
Selma Patty Spinelli/SP
 
<<< Uma Trova de Ademar >>>
O meu primo se reveza,
entre o bar, orgia e fé...
Às sete ele está na reza,
e às oito no cabaré!
Ademar Macedo/RN
 
<<< ...E Suas Trovas Ficaram >>>
Na derradeira viagem
feita num dia qualquer,
a gente vira bagagem
da mala que ninguém quer.
Hildemar de Araújo/BA
 
<<< Estrofe do Dia >>>
No monte das “Oliveira”
A comadre da vizinha
Almoçava na cozinha,
Tomando chá de cidreira,
Balançando na cadeira,
Devagar, quase parando.
O mundo tá se acabando!
Meia noite, brilha o sol
Namoro de caracol.
A tarde tá começando!
Nemésio Prata/CE
 
<<< Soneto do Dia >>>
COMICHÃO  DE  FRENTE.
 
Edmar Japiassú Maia/RJ
 
A Escola evolui com tal agrado,
com as alas perfeitas na harmonia,
que a expectativa pelo resultado
encheu os componentes de alegria...
 
Na apuração, a nota de um jurado
tornou, porém, a situação sombria,
pois foi-lhe um ponto, sem razão, roubado,
e um sentimento de revolta ardia...
 
Grudada na TV, a Escola inteira
via, atenta, o “replay” e...de repente,
aparece no vídeo o Zé Coceira
 
que, agoniado pela comichão,
a desfilar na Comissão de Frente,
coçou “a coisa” em frente à Comissão!
   

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Nelson Tangerini, nosso amigo carioca, manda poema do pai Nestor Tangerini, de presente de Natal

CASINHA BONITA


Na vida, pena inclemente,
que às vezes me faz incréu,
deve ser o lar da gente
um pedacinho do céu.

Uma casinha bonita,
com jardinzinho e quintal,
que tenha, alegre e catita,
a poesia de um pombal.

É uma casa muito assim,
que construí dentro de mim,
para o amor, meu ideal.

E que eu quisera, meu bem,
pôr no sapato de Alguém
nesta noite de Natal. (*)

Autor: Nestor Tangerini

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Notícias Poéticas- dezembro de 2011

Notícias Poéticas- dezembro de 2011




    É dezembro, as luzes da cidade sussurram em aviso, tremeluzem em iluminado dourado,
piscam num sedutor meio sorriso.
    É dezembro, perambulo pelo centro como se nunca o tivesse visto.
   Perco-me no estranhamento dos enfeites coloridos.
   Minha cidade foi tomada pela ordem universal do Natal.
   Na profusão de vermelhos e brancos todo exagero é permitido.
   Há muita gente sem rumo, muito barulho por nada, muito calor sem remédio, muito presente inútil.
   Há alguma chuva arrefecedora, falsas alegrias, obrigações estragando o gosto da festa, lágrimas apelativas provocadas pela saudade intencionalmente evocada.
   Do que se apresenta, escolho o brilho gratuito da estrela, eterno como a mais fina jóia;
o sorriso espontâneo da criança, beleza inigualável; a naturalidade do riso, seda rara a tocar a pele; uma oração de esperança que te ofereço como agradecimento pelos bons momentos vividos.
   Obrigada por sua companhia.

Feliz Natal!
Feliz 2012! 
 
Para o Natal?
Quero o brilho da estrela, eterna jóia
A presença da Criança, poesia em forma humana
Um atestado de vida eclodindo em riso, prazer incontido
Uma oração de verde e nova esperança,
Que lhe ofereço em gratidão
Pela vida que partilhamos ainda agora
Neste lugar no mundo
Neste espaço de tempo
Mãos dadas em pensamento
Juntos , envoltos em beleza,
Na boa, amorosa, amiga e bem-vinda convivência .
Felicidades!

                                                         Eliane Ratier, dezembro de 2011 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ana Maria Poleto Chaves manda mensagem de Natal

   Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta, de sol quando acorda,
 de flor quando ri.
    Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso, numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.
    Ao lado delas, a gente se sente comendo pipocas na praça,  lambuzando o queixo de sorvete,
 melando os dedos com algodão doce, da cor mais doce que tem para escolher .
     O tempo é outro......
     A vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver!
     Tem gente que tem o cheiro do colo de Deus, de banho de mar, quando a água é quente e o céu é azul.....
     Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
     Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando sapato pelo chinelo,
  sonhando a maior tolice do mundo, com o gozo de quem não liga para isso.
     Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal, do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
     Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu, e daquelas que conseguimos acender na terra.....
     Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.
     Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegrial, recebendo um buque de carinho, abraçando um filhote de urso panda, tocando com os olhos, os olhos da Paz.
      Ao lado delas, saboreamos a delicia do toque suave, que sua presença sopra em nosso coração.
     Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa,  de brinquedo que a gente não larga,  do acalanto que o silencio canta, de passeio no jardim.
     Ao lado delas a gente lembra que no instante em que rimos, Deus está conosco, juntinho, ao nosso lado!
     E a gente ri que nem menino arteiro!!!
                             autor desconhecido
                                                                     
                Que o Natal seja de Paz e alegrias e o Ano Novo traga tudo de bom!
                                          Com carinho, Ana Maria
                                          

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Jair Yanni acredita no Papai Noel , e você? Texto de Jair de presente de Natal

 Saudações festivas,
Eu ainda acredito em Papai Noel.
Talvez seja tão forte essa minha crença, só por me ter sido revelada quando eu era ainda um anjo. No meu tempo, o estado angelical era conservado até o momento em que a criança descobrisse a subtileza da mentira. Não era propriamente uma mentira. Antes, a colocação ingênua do mistério. O mistério sempre atrai, provoca reflexões, nos leva a um estágio de curiosidade poética.
Deduções infantis são quase sempre poéticas, quando os adultos não as contaminam; porque os adultos são realmente muito “bizarros”.

Quando eu nasci, o mundo ainda era povoado de sonhos. Os homens e os animais eram mais específicos:- homem era humano, o animal era bicho!
O respeito propiciava o amor, e o amor simbolizava paz. A palavra ética, nem era advertência; todos a praticavam sem saber seu nome; por que, eu nasci num tempo, bem antes de tantas comunicações e tantos estímulos, como temos agora.
Quando chegava em minha casa um telegrama, minha mãe se benzia antes de o abrir. Vivíamos em discreta ingenuidade. Era-nos fácil acreditar em mistérios .Um simples sinal da cruz, nos afastava de uma má notícia. Quanto respeito, meu Deus!
 Notícias, boas ou más, já com um certo atraso, nos chegavam por jornais, que meu pai ia pegar no correio todas as tardes. O correio da minha cidade, só abria as portas, quarenta minutos depois que o trem chegasse. Era o tempo necessário para a distribuição da correspondência nas caixas.
Cidade pequena, poucos leitores. Vida pacata, poucos acontecimentos.
Lembro-me de uma parede cheia de portinhas de metal amarelo, numeradas e com chave. Eram as famosas "caixas postais" onde eu depositava as cartinhas ao Papai Noel. Era por lá que se iam as minhas ingênuas crenças. E era naquelas caixas do correio que também chegavam as respostas e advertências...e, como o velhinho bondoso sabia dar conselhos!
. Eu o obedecia com fidelidade pelo menos até chegar o Natal; assustada com o seu poder de conhecer meus pecadinhos.
Nunca me desmentiram; deixaram-me despertar desse sonho por dedução própria e isso nunca me causou nenhum mal, porque eu também os enganei a todos:
"Até hoje eu acredito em Papai Noel. Ele existem sim; da mesma forma que existe em mim uma criança que não morre
Jair Yanni

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Carmen Soares

Meire, Carmen e Eliane

Foi no mesmo dia 11, o segundo dizem, cabalístico 11/11/2011, onde teve até mãe exigindo que neném nascesse às 11h11m do dito dia, que Carmen Soares, com a primazia de ser a aniversariante do dia, tomou posse na Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, a ALARP.
A Carmen é muito querida por mim, por seu jeito doce, participativo, alegre, espontâneo e vivo de ser.
Logo que nos conhecemos ela gostou de um poema meu que passou a carregar por aí, feito tradução de desejo , explicação de fato.
Conheci a Carmen escritora, na antologia  Palavras, depois soube de sua arte mais significativa, as artes plásticas, pintura e escultura.
Participei da exposição que ela organizou com um grupo sobre mesas e guardanapos. Ela nos pediu textos relacionados, e aí estava eu, mais uma vez, de mãos dadas com alguém que fala a minha língua, crê na multiplicidade e no todo.
Bela noite na Bauhauss!
Ali conheci parte de sua família de sangue e de artes.
Carmen tomou posse na igreja do bairro onde mora, bairro de artistas como diz e não mente.
O Jardim Recreio é absolutamente inspirador.
Seu discurso permitiu-me conhecê-la mais um pouquinho e tornou-a ainda mais bela  e valorosa aos meus olhos.
A recepção foi em sua casa, rodeada da felicidade dos amigos em dupla comemoração, aniversário e posse, e cercada pelo carinho dos 5 lindos filhos, três meninos(homens) e duas meninas( mulheres) e dos netos igualmente belos, frutos de boa semente.
Carmen nos abriu as portas de seu lar, cheio de beleza, encanto, arte e lembranças gravadas com emoção em cada folha de árvore, fresta de cimento, perfume de flor.
Na felicidade da partilha me senti amiga.
Beijo em Carmen.
ps: era uma noite de lua quase cheia, farol do quintal cheio de plantas e perfumes onde reinava a paz da família feliz e a ternura dos encontros de amizade.
Coloco aqui o poema que é também dela por assim lhe fazer gosto.

Um dia eu vou na tua casa


Um dia eu vou na tua casa.
Vou ficar do teu lado o tempo todo,
Você vai enjoar de mim,
Vai me mandar embora,
E eu não poderei ir.
Só poderei rir.

Um dia eu vou na tua casa.
Para sentar no sofá da sala
E assistir filmes sem fim.
Abrir a geladeira,
Esvaziar a despensa,
Espalhar migalhas no jardim.

Um dia eu vou na tua casa.
Para te conhecer melhor,
Sentir a luz, tatear as paredes,
Ouvir a rua e calar,
Andar de meias,
Esquecer de mim.

Um dia eu vou na tua casa.
Para brincar no quintal,
Pular amarelinha e cantar,
Segurar na tua mão,
Tomar banho de lua até esfriar,
Daí eu vou dormir.

Um dia eu vou na tua casa.
Fazer companhia, ficar junto,
Comer, brincar, sonhar,
Rir muito.
Um dia eu vou,
E vou voltar.

Eliane Ratier, em Cartões Poéticos



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

João Augusto-lançamento de Sem a sombra de um guarda-chuva


João Augusto, este poeta meu amigo, lançou seu mais recente livro em 11 de novembro, nos estúdios Kaiser.
João dedicou-me um poema " Necessidade", com belas metáforas e imagens. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida, um presente inesquecível e perpetuado, palavra, tinta impressa sobre papel, livro.
Na hora dos autógrafos não quis ver o poema, encontrei-o na sequencia da leitura e de pronto lhe fiz a resposta poética como merecia e me era imposto pelo coração.
Terminei a leitura do livro do João, marcando as páginas preferidas como é meu hábito, para localizar fácil numa segunda leitura, ou numa leitura em público. Poderia ter marcado todas, pois eu e João temos uma total  identificação.
 João Augusto é a voz que dialoga, em forma de poesia, com a inquietude que em todos nós habita.
Obrigada amigo.

Necessidade

Cada palavra tem seu tempo de nascer
Cada copo de vinho bebe sua própria história
Cada lágrima leva um pouco de perfume
Açucarado com
Ervilhas
Cada paixão
Cada cena de sexo
Leva em si um pouco da piedade
E da inveja
Alheia
Cada poema
E cada poeta
Morre do seu jeito
Inevitavelmente com uma fita azul sobre o caixão
Os outros pois que se expliquem
Eu
Religiosamente
Ao dizer boa noite
Vestido de chinelos
A cada estrela moça
Grávida de céu

João Augusto




segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Noite de artes da ALARP- 08 de novembro

ALARP2011


cliquem na foto para ver todo o álbum

Foi em 08 de novembro, na casa que tanto prezo, o teatro Minaz, que a Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, comemorando os seus 30 anos, honrou-me com o prêmio de primeiro lugar no concurso de crônicas.
Para mim é uma imensa satisfação ser premiada pela ALARP, esta entidade que congrega as diferentes formas de expressão artística, num realimentar-se infinito.
Os artistas são sensíveis a todo tipo de arte e sorvê-la , diversa e vária, da maneira como é oferecida pela ALARP, enriquece o fazer artístico.
As artes podem influenciar-se, completar-se ou mesmo conviver numa mesma obra.
Nada está isolado, tudo é o todo.
Com minha gratidão e respeito.
Abraço a todos os amigos que estiveram comigo no belo evento.

domingo, 11 de dezembro de 2011

A UEI

Ontem fui à UEI, União dos Escritores Independentes. Foi minha primeira vez na casa presidida por Leda Pereira.
Conto para vocês que foi como se fosse uma casa de mãe num dia de domingo, onde os irmãos vem almoçar, os primos chegam para o café o os tios para o lanche da tarde.
O ambiente era de pura ternura e amizade.
Fui para um compromisso, falar sobre a UBE, e acabei sentada à mesa dos convivas, irmanada com gente querida, minha família literária, minha praia, e enfim uma "turma".
Ganhei presentes inesquecíveis como ver o Vitor, aluno do Otoniel, declamar versos de Bécquer em espanhol, com a mesma naturalidade com que disse, ao meu ouvido e marejando-me os olhos o "E agora José" do Drummond. Ouvi Lívia Andreoli, a jovem instrumentista, cada vez mais afiada no violino,  e a voz especial do sr Airton. Encontrei Gisele, uma testemunha viva do começo dos saraus, esteve no primeiro, pedra fundamental, no STB( saudade do Matheus e do Gianello) e na troca de livros, levou o meu "Estréia Poética", que hoje é raridade, poucos o tem.
Encontrei o Romeu Barilari, que me conhece pela telinha da tv, tempo bom da mini série ainda inédita, e sua entusiasmada esposa Amina, que com seu ofício de professora de dança do ventre vem me fazer vontades. E quantas!
Aproveito para abraçar aqui, os amigos e parceiros:
- Maris Ester, casa do Poeta, companheira de muitos planos, batalhadora e incentivadora de talentos, e por ela abraço a todos da Casa do Poeta, a Érika da escola Diva Tarlá e as demais pessoas que colaboram direta ou indiretamente, no belíssimo trabalho que a amiga Maris faz na escola,
- Heloísa Alves doOtoniel Mota, a geradora de oportunidades para todos, com a classe que só ela tem, a mão que me levou ao Palace  e por ela abraço o Ricardo Franzin, o Jorge diretor e todos os  professores e funcionários da escola que se dedicam ao trabalho extra, extremamente gratificante e bem sucedido de incentivar os alunos na arte literária, agradeço por me envolverem no projeto, me levar junto, 
Cristiane Framartino Bezerra, amiga geminiana pessoana, um coração atado ao meu, companheira de emoção, 
-  Nely Cyrino, a amiga que testou seu pé avariado no tango (dança, amiga, sempre cura)e através dela quero abraçar os integrantes da ALARP, esta academia que me é tão cara, por ser especial, e mandar meu beijo para a presidente Marina Braghetto , para Gilda Montans e Meire Genaro, minha Jair linda, e para a maestrina Gisele Ganade,  
- Wanda, a que declama e canta e dona Edina, e em seus braços deposito o abraço à Elisa Alderani, esta amiguinha ítalo-brasileira, que é cheia de entusiasmo e ao querido mestre cordelista e trovador, detentor da memória ribeirão-pretana, Nilton Manuel,
-   André Luis, nosso vereador poeta, guardião dos abraços sinceros, 
- Grace, a doce Grace que me aparece insuspeita como cria da casa,e  que tanto me ajuda quando dos eventos da Paraler , pela Grace vai meu abraço ao Henrique, super parceiro, à Marylene, esta pessoa especialíssima,à Rita, à Luiza, aos Marcos, Wesley e todos os funcionários da Paraler, sempre à postos.
_ Gina Higino, linda na camisa florida,
-  Marlene Cerviglieri e suas histórias encantadoras, e por ela abraço respeitosamente os maridos e filhos que acompanham as carreiras destes artistas de família, 
Célia Silli, minha companheira de premiação e juri., que faço portadora do abraço para as demais colegas de sala e palco, Rita Mourão, Mara Senna, Mariângela Bistane, Aldair e Bete Spósito.
Obrigada Leda , pela oportunidade e acolhida. Para ti o abraço especial.
Para todos, os votos de Feliz Natal, breve reencontro e muita convivência 2012

sábado, 10 de dezembro de 2011

Hoje é dia de Clarice-10 de dezembro

Diz a reportagem que o Brasil começa, timidamente, a querer marcar datas para homenagear seus escritores a exemplo do que acontece no exterior.
Recentemente , em 31 de outubro, a idéia ganhou corpo como a celebração do dia de Drummond, por ser o dia de seu nascimento, e hoje 10 de dezembro, dia de Clarice Lispector.
Comprei a idéia e aí vocês tem um pouquinho de Clarice em minha vida.
Este texto é  fruto do nosso segundo e eterno encontro, quando a senti.
Para vocês, desejo que leiam Clarice, como quem deseja "tudo de bom".

Clarice Lispector—10 de dezembro- 1920, 1977


A primeira vez que li Clarice, não gostei, ou melhor , nem consegui entender, ela ultrapassou meu entendimento. Fui tola como uma criança, e olha que já era para lá de moça, madura, quase o que sou hoje.
Quando minha filha, por ocasião do vestibular se viu ás voltas com “ A hora da estrela’, eu já sabia o caminho e avisei-a, para que não se assustasse , nem desistisse.
_ Clarice não é para entender, é para sentir.
Ler Clarice é como percorrer as cavernas, minas de ouro abandonadas, onde sob a aparente ausência de movimento, típica das coisas em desuso, nos descobrimos em meio precioso, onde as paredes por si rebrilham ao menor lampejo luminoso.
O tesouro não está lá, é lá.
Quando senti, procurei Clarice, e aí sim pude sorvê-la, pude percorrer cavernas seguindo suas pegadas inquietas.
Clarice é esta inquietação que mora sob todas as coisas, sob todos os atos.
Clarice é esta intensidade e força ocultas, de rios que correm no subterrâneo,e afloram na superfície como inofensivos olhos d´agua.

 De Clarice
- renda-se como eu me rendi, mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa qualquer entendimento.

- porque há o direito ao grito, então eu grito.

- Escrevo para me manter viva.

- que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.

-até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso, nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

-a palavra é meu domínio sobre o mundo. 


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Concurso literário da escola Otoniel Mota

Otoniel Mota- concurso literário 2011


cliquem na foto para ver o álbum

Então gente, foi assim.
A Heloísa Alves, professora do Otoniel Mota, junto com seus incansáveis pares, promoveu um concurso literário em parceria com a Academia Ribeirão-pretana de Letras e o novíssimo Centro Cultural Palace, e convidou-me para fazer parte da comissão julgadora.
Senti-me honrada e temi o despreparo, mas resolvi encarar o desafio confiante na acolhida da mão que me escolheu.
Nos reunimos eu, Mara Senna, Célia Silli, Elizabeth Spósito, Leda Pereira, Rita Mourão, Aldair Lima, e Mariângela Bistane, cheias de animação, numa sala com inocente porta cor de rosa, para ler e tentar escolher os melhores textos, aqueles que receberiam a premição.
Estávamos radiantes com a rica e rara oportunidade de encontro.
Foi necessário um grande esforço para que nos concentrássemos no trabalho, que logo mostrou-se difícil e lento.
Difícil porque os textos apresentavam muito bom nível de escrita e era necessário estabelecer critérios que os elegessem.
Todos deram seus palpites, experientes no assunto. Eu novata, escutei e aprendi. Aprendi muito.
Encontro regado  a café, suquinho , pão de queijo e a felicidade de quem gosta  de ter nas mãos bons trabalhos para ler.
Um encontro foi  pouco, fizemos três.
A leitura em voz alta foi um dos pilares de decisão e assim chegamos a um consenso, elegendo os vencedores, com certa pena por aqueles que não se classificaram e que apresentavam também boa qualidade de texto.
A coordenadora do Palace, Meire Teixeira e o presidente da ARL, Camilo Xavier, vieram acompanhar de perto o processo.
A premiação deu-se em noite de gala no Centro Cultural Palace, em 26 de outubro de 2011, como  primeiro evento oficial da casa.
Meire Teixeira comandou a noite e Gustavo Molinari brindou-nos com a sempre boa qualidade de sua música.
Tive a honra de fazer a leitura e a entrega do prêmio a uma das categorias, na especial companhia de Adriana Silva, secretária da cultura do município, Cristiane Framartino Bezerra, escritora, gestora da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e consultora da Fundação Biblioteca Nacional e Vera Regina Gaetani da Academia Ribeirão-pretana de letras.
A noite foi mágica e penso ter sentido as paredes se curvarem em agradecimento, as vidraças brilharem de emoção pela devolução ao espaço nobre, do que era a ele devido: arte, beleza, alegria, aplausos e vida.
Agradeço à Heloísa pelo convite e a oportunidade de fazer parte da história da escola Otoniel Mota nesta ocasião tão especial.
Agradeço aos meus colegas da comissão julgadora deste concurso pela magnífica experiência de aprendizado e troca.
E agradeço, principalmente aos alunos que disseram sim ao convite de seus mestres e produziram belezas que ultrapassaram as fronteiras de seus cadernos, salas de aula, muros de escola, contaminando a cidade a partir de seu coração, o Palace.
Meu beijo grande em todos.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Notícias Poéticas- novembro de 2011



Novembro

O mês é findo, o assunto não.

Novembro não é “rabo de foguete”, é o próprio foguete.
Rasga o tempo veloz e irrefreável.
Abre caminho no impossível e espalha seu rastro de luz e pólvora trovejante.
Novembro é para quem tem coragem de por a cara para fora e dizer _ Estou aqui!
E depois da fúria , do desgaste, da realização, vem o tempo de sorrir prazenteiro e pular amarelinha na poeira dourada flamejante, que resta em completo silêncio.
Novembro é o grande teste de força.
Capricha na vitamina, menina!

Arre que dói e arde!
Arre que a vida corre!
Arre minha mãe, me acode!
Salvai-me!

Quando no alto
o vento soprar frio
agitando os cabelos,
aquietando a mente,
e o silêncio se fizer presente
na total e feliz solidão da vitória,
só os passos do caminhante
ecoarão na memória
daquele que ousou subir a montanha
no encalço do sonho invisível,
contando consigo,
carregando na mochila seus pesos em dores
arfando e tropeçando em pedras,
fugindo aos predadores,
marejando os olhos,
aguando em suores,
engolindo em seco,
orando por força,
pedindo por fé.

Arre que dói e arde!
Arre que a vida corre!
Arre minha mãe, sossegue!
Salvei-me.

Meu coração refulge em gratidão.

                                                     Eliane Ratier- novembro de 2011 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Crônica vencedora do concurso

Amigos, aí vai a crônica vencedora do concurso da ALARP 20011, O Passado.
Divido simbolicamente o prêmio com minha mãe que trouxe o dito envelope que inspirou este trabalho.

 O Passado                                                                                                         

O passado bateu à porta.
Vestia um envelope pardo.
Sóbrio, magro, mas composto.
Seu traje, que poderia sugerir tristeza no trato, era apenas a indiferença disfarçando o conteúdo.
Veio pelas mãos de uma parenta, assim distante, portadora de um outro tempo.
Veio do espólio de alguma tia, de quem lembro a face farta de rugas e um sorriso, fingindo em amarelo, alguma alegria.
O nome? Fugiu pulando, pueril, as janelas da memória.
Sorri e agradeci a lembrança, possível fruto de uma arrumação tardia de armários , ou um resgate súbito da pilha  de “lixo”.
Coloquei-o ali, displicentemente, no aparador.
Passei um café ruim, que é o meu jeito de passar café.
O aroma abraçou a cena .
A parenta se foi, missão cumprida, arrastando ao sol seus queixumes do tempo, do vento, do reumatismo, da vista, da vida.
O envelope rodou a semana inteira pelo mobiliário da sala experimentando poeiras , sujeito às variações da luz ambiente.
Rodou, rodou mas não se perdeu.
Ao contrário, achou o caminho devido.
Foi dar com os costados na mesa do meu ofício, encimando o monte dos papéis a serem vistos.
E assim se fez.
Rasguei-lhe o traje, fí-lo nascer.
De dentro do impessoal pardo, escorregou timidamente, um envelope branco envelhecido.
Era um convite de casamento, tradicional, o nome dos pais orgulhosamente grafados no alto, os dos nubentes, filhos, centrados, um de cada lado.
O convite tinha mais de 25 anos, e mesmo cheirando a guardado emanava de si o frescor do sonho sonhado pelos recém-casados, o burburinho da festa farfalhando tafetás, o cansaço dos saltos, das bocas , dos cílios, um branco de vestido, perfume de rosas na noite quente, uma lua e um buquê de margaridas.
Lembrança de quando ainda se casava e se acreditava no “Felizes Para Sempre”,  de quando as moças eram princesas e os moços heróis.
Solidária, enxuguei a testa do noivo que tremia emoções .
Busquei novamente o envelope .
Quase aos saltos, saiu um cartão postal com dizeres no verso, sem data, endereçado aos avós de uma neta ainda menina que entrara na faculdade:
 “ Esta é minha escola. Não é linda?!”.
Como pode uma letra revelar a juventude, com mais fidelidade do que uma foto.
A letra era de alguém que ainda não era.
Uma letra desenhada e caprichada, para ser entendida e apreciada.
Uma assinatura, da coleção de tentativas de assinatura, que buscava uma identidade única na multidão.
O texto de um entusiasmo verdadeiro e pleno, como é próprio da idade.
O sonho de futuro, as novidades, o cheiro da terra molhada de chuva no fim de tarde, a roupa molhada, a poeira dos livros da biblioteca desenhada numa réstia invasora de sol, o sono de quem não poupa viver, a certeza das amizades, a vontade de aprender e fazer e fazer e fazer a diferença.
Reconheci a neta menina, mandei-lhe um beijo.
Sacudi o envelope de monótono exterior, e fascinante colorido interior.
Dele, devem ter saltado minúsculas e invisíveis partículas de passado, que o meu olhar não identificou, mas minha alma sentiu e aqueceu-se toda nas lembranças.
Arrepiou-se ao contato do primeiro homem, doeu-se quando ele se foi, doeu-se  novamente quando outros se foram, enroscou-se na  ternura  dos cabelos dos filhos,  chorou  agonias, protestou incertezas, aninhou-se em colos amigos, colheu júbilos, brilhou na luz própria.
Preciso lembrar-me do nome da tia que guardou por tanto tempo, num fundo de gaveta qualquer, este verdadeiro tesouro em forma de pedaços de papel aparentemente sem valor.
Ser-lhe grata pelo valioso presente.
Mandar flores, quem sabe, e quem sabe para onde.
A parenta portadora sumiu no poente.
O tempo apagou os rastros.
Agora, sou eu e as minhas lembranças.
Seria uma oração boa paga?
Sim, talvez a melhor!
Bendita seja, a tia.

                                                                     Eliane Ratier

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Concurso de Crônicas da ALARP

Amigos, é com muita alegria que partilho com vocês a notícia da premiação do concurso de crônicas da ALARP, onde fui classificada em primeiro lugar e os convido para a premiação, neste dia 08 de novembro, às 20:30 horas, no teatro Minaz.


Vencedores do 3º Concurso Literário de Crônicas ALARP

1ª Lugar: Eliane Carou Ratier
2º Lugar: Célia Apparecida Silli Barbosa
3º Lugar: Rita Marciano Mourão
4º Lugar: Amanda de Souza Furlan

 A Premiação será dia 08/11/2011 (amanhã) na 7º Noite das Artes - Sarau Lítero Musical - ALARP 30 anos e premiação do 3º Concurso Literário de Crônicas - ALARP.
Horário: 20h30
Local: Teatro Minaz
Rua: Carlos Chagas, 259 Jardim Paulista - Ribeirão Preto.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Notícias Poéticas- outubro de 2010


Notícias Poéticas- outubro de 2011

Uma ruga marca a face como resultado da pausa para reflexão.
Junto a ela aparecem novos fios de cabelos brancos.
Tudo vejo e pouco posso nesta minha incapacidade humana.
A dor e a loucura do vizinho de cadeira, a criança maltratada, o velho abandonado, a pátria na preguiça de ser melhor, o profissional da educação e da saúde, base do ser, desvalorizado, pisado, espezinhado, questionado e desacreditado.
O homem terceirizado.
Doem-me uma a uma, creiam as sei de cor, as promessas não cumpridas feitas no mais verdadeiro desejo de realizar, e na maior ilusão de conseguir.
Por estas peço perdão.
Peço perdão pelo “não” imediato que não soube dar,  e pelo “não” dado, consciente do limite.
Purifico-me aqui, para seguir em frente mais leve.
O sol brilha, o céu é azul, o vento faz música nas ramagens, chove abençoando a terra, uma criança sorri, um velho conta uma estória, o professor ensina a lição do esquecimento das ofensas, o médico nem se lembra delas, urge aliviar a dor e a loucura do vizinho de cadeira que é qualquer um e todos ao mesmo tempo. Somos gente que vive, por vezes goza e por outras sofre e precisa da força, da mente e do amor de outra gente para seguir em frente.
O verdadeiro consolo é aconchegar-se no conforto da palma da mão de Deus, confiante na proteção.
Eu vos saúdo corpo, mente, espírito e coração.

Doação

Faço das tripas coração
para segurar a dor
que o teu sofrer
silente me dá.

Choro rios mares
no escuro
para te oferecer
um riso claro pela manhã.

Flagelo meu corpo
no anonimato das multidões
para aparecer-te inteira
na redoma do lar.

Tudo sob o tênue véu de pseudo sanidade

Na solidão rasgo vestes
ateio fogo aos pertences
arranco os cabelos
brinco de boneca
enquanto canto baixinho
e me embalo
em amoroso, doce e lento acalanto

                               Eliane Ratier, outubro de 2011 

PS: o cinza é também uma cor

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sarau Palace-26 de outubro

O CENTRO CULTURAL PALACE ,ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE LETRAS E ESCOLA ESTADUAL
OTONIEL MOTA,CONVIDAM PARA O SARAU LÍTERO MUSICAL E PREMIAÇÃO DO PRIMEIRO
CONCURSO LITERÁRIO PROSA E POESIA.

O EVENTO SERÁ REALIZADO NO DIA 26 DE OUTUBRO,ÁS 2O;00H NO AUDITÓRIO DO
CENTRO CULTURAL PALACE.

A APRESENTAÇÃO DOS TEXTOS PREMIADOS SERÃO LIDOS PELOS SEGUINTES CONVIDADOS;
ADRIANA SILVA SECRETÁRIA MUNICIPAL DA CULTURA -ALARP
VERA REGINA MARÇALLO GAETANI -ARL-ALARP
ELIANE RATIER-UBE-RIBEIRÃO PRETO
CRISTIANE FRAMARTINO BEZERRA -ALARP.

A COORDENAÇÃO MUSICAL SERÁ DO PIANISTA GUSTAVO MOLINARI.

CONTAMOS COM A SUA PRESENÇA.

ORGANIZADORES;
HELOISA MARTINS ALVES
MEIRE TEIXEIRA
CAMILO XAVIER

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sarau Paraler- Ao mestre- fotos



Amigos, o sarau Paraler , Ao mestre com carinho, foi um belo momento .
Os parceiros se fizeram presente de maneira especial, com sua dedicação e competência, trazendo seus alunos talentosos, mostrando seus trabalhos, partilhando saberes.
A Maris e a Érica, da escola Diva Tarlá, trouxeram os alunos que leram poesia em homenagem aos professores, cantaram e dançaram bonitos , preparados e felizes.
A Heloísa, o Ricardo e o Nestor, trouxeram o Otoniel, uma incrível turma de teatro que me arrepiou. Gente de talento, cheia de energia, e mais seus artistas da música e da palavra que também homenagearam seus mestres.
A Flávia, do Instituo Metodista, falou do trabalho desenvolvido na escola e trouxe os seus pequenos poetas que tem seu trabalho publicado em livro organizado pela própria escola. Um encanto!
Os artistas foram acompanhados de perto pela corugísse familiar.
Festival de flashes.
O jovem e talentosíssimo estudante de música e já cantor, Vitor Floriano, enfeitou a noite com sua voz suave e precisa e um violão tangendo doce, melodias para sonhar.
Elisa Alderani leu seu texto sobre o pai,que segundo ela,  lhe ensinou a ser poeta, por ser amante da natureza e cuidador dos jardins.
Àurea Laguna, nossa expertisse em Monteiro Lobato, nos brindou com uma releitura de um conto, e com seu capricho ao trazer o texto ilustrado para ser distribuido e apreciado pela platéia.
Na intimidade do fim da festa, Ventura declamou um seu poema e Marlene Cerviglieri nos  contou uma de suas estórias.
Saímos de lá leves, cheios de esperança no futuro, depois de termos sido presenteados pelo fazer dos jovens, que estimulados por seus mestres e familiares, estão em desenvolvimento surpreendente.
Mando meus beijos de agradecimento à Marylene, pela cessão do espaço nobilíssimo da livraria, aos funcionários da Paraler que são sempre pacientes com meus pedidos e atrasos e trabalham para que o sarau aconteça bom e bonito, e aí incluo a Grace e o Henrique, da comunicação e do marketing.
Peço bençãos para estes professores tão especiais, buscadores de estrelas, que identificam o talento  e incentivam seus alunos a exercê-lo, iluminando-os de maneira permanente só por proporcionarem a ocasião do brilho.
Agradeço aos artistas que me dão a oportunidade de emoção, aos colegas escritores que aparecem e participam em clima terno de amizade,à família que me deu um super help desta vez e ao público que esteve lá partilhando uma bela noite.
Gratíssima.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sarau Paraler- Ao mestre com carinho- texto de abertura

sarau Paraler- Ao mestre com carinho- 20 de outubro de 2011

 " Ao mestre com carinho", uma homenagem aos mestres, pais, professores, conviventes, que nos ensinam ,conduzem ao conhecimento, e proporcionam experiências, enriquecendo o  nosso viver.
Mesmo que os acontecimentos não sejam agradáveis, e que não tenhamos a consciência do aprendizado, ele  acontece para quem sabe e deseja ver além.
Os pais, familiares e cuidadores são nossos primeiros mestres.
Aprendemos observando e imitando, seguindo instruções simples, errando na dor e evitando a repetição do ato falho.
Depois vem os professores, com seu saber organizado, seu didatismo, ensino profissional, mas não destituído de afeição.
Aprendemos pela compreensão e treino, seguindo instruções que vão se tornando cada vez mais complexas conforme desenvolvemos habilidades, observando e imitando, errando na dor e evitando a repetição do ato falho.
Ao lado disso, sempre e para sempre, desde que somos apresentados à sociedade, aqueles que nos rodeiam, que conosco convivem, encontramos eventualmente ou simplesmente de quem tomamos conhecimento, temos notícias, mesmo que remotas, nos enchem de sabedoria.
Aprendemos pela empatia e antipatia, pelo amor e o ódio, pela compaixão, admiração ou desprezo, observando e imitando ou evitando comportamentos, errando na dor,  sem garantias de não falhar novamente, pois cada caso é único e não há regras inflexíveis para se lidar com o humano.
Aprendemos pela experiência e nos preparamos para viver a alegria ou curar as feridas.
E como base de tudo, nosso chão e ar, temos a natureza, onipresente, absoluta e inquestionável mestra. Especialista em ação e reação.
Aprendemos observando, louvando e temendo. Temendo por não a imitarmos, por desobedecer suas regras, desrespeitá-la, castigados de maneira indefensável, incapazes de aprendizado rápido.
Enfim, o saber está em tudo é só nos dispormos a colhê-lo.
Minha homenagem de hoje vai para vocês todos, meus mestres irmãos, com os quais me encontro aqui, ali, nos lugares de convívio , na forma de gratidão por esta experiência de vida.
Obrigada.
   

                             Eliane Ratier- para o sarau da Paraler,2011