quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Orando



Hoje tive vontade de orar.
Não como faço habitualmente, nas íntimas conversas que tenho com Deus, aflita, reflexiva ou grata, mas orar oficialmente, com as orações eternas, coletivas e de grande sabedoria.
Não sou uma religiosa praticante.
Moro ao lado da igreja. Às vezes entro, seduzida pelo silêncio, o frescor e a paz do  lugar.
Ouço todo o serviço religioso da minha cozinha, canto os cânticos e assim me considero orando.
Como também me considero em ato de louvor quando promovo a felicidade, o conforto, o bem estar,  o encantamento das pessoas com os dons que me foram concedidos e que desenvolvi com o trabalho que me é permitido exercer.
Exercendo sou grata.
Por vezes necessito de uma parada para reflexão, uma busca de entendimento, e nestas horas converso com Deus, da minha maneira.
Muitas vezes não entendo suas falas, suas mensagens, fico sem saber, mas Ele sabe.
E porque Ele sabe, sigo tentando entender, evitando as revoltas, cultivando a paciência.
Minha vontade de orar “oficialmente” não vem daí.
A aflição é o motivo. Motivo importante demais para conversas informais.
Oro para Deus, o Onipotente , para que supra minha impotência nas coisas que penso que me cabem. É uma oração por mim, por meu mundo, meu sofrimento, muito particular.
Oro para que Ele cuide das minhas filhas, onde já não consigo mais cuidar, pois elas já não ficam em meu colo, nem sob o meu olhar e estão longe do meu conhecer.
Quem tem filhos sabe o que digo.
Só Deus!
Oro para que Ele console meus pais, embora dotada de muitas palavras, não encontro as que possam servir, e os atos não bastam.
Quem ama sofre com o sofrimento dos amados.
Só Deus!
Por isso essa vontade de orar uma oração universal, junto ao coro dos aflitos, dos impotentes, certa, muito certa, de que ele ouvirá, pois esta oração é feita com o inextinguível amor com que Ele dotou este humano projeto.

E porque Ele ouvirá e saberá, sou grata.

domingo, 27 de setembro de 2015

Livros- Peregrino do estranho- Nicolas Behr



Veio no monte das doações.
Não ia deixar ir sem ler.
Assim conheci o brasiliense Nicolas e seus poemas , muitos satírios, outros não.
Alguns publiquei na página do facebook, o Espelho Quebrado.
Procurem por lá!
https://www.facebook.com/pages/O-Espelho-Quebrado/659610510745932?ref=hl

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Quarta-feira



Hoje, quarta-feira, dia que eu mesma estipulei para escrever aqui.
Meu dia.
Dia de Mercúrio, o deus do meu signo, o signo da comunicação.
Dia onde as ações da segunda-feira já tiveram suas reações e é hora de cutucar novamente o que não ofereceu resposta.
Dia de trabalho.
Dia útil.
Dia de felizes resultados onde a esperança acha brechas para expandir suas verdes luzes por entre a sujeira, a podridão e o perigo que nos cerca.
O descontentamento é fato.
O jornal impresso, pelo qual pago, deveria ser matéria escandalosa de suas páginas, tão ruim que é, quase mais um crime.
Estudantes fariam melhor, a começar pela capa.
As notícias nos deixam perplexos, desde as mais próximas, como a política local, o abandono material da cidade que amamos por falta de governo, passando pelas nacionais, onde o governo faz planos de extorquir dinheiro dos contribuintes como se só ele, só o governo, estivesse em crise, até as internacionais, cruéis como a redefinição da realidade demográfica na Europa por conta de uma fuga em massa da população que arrisca-se a sucumbir na ação , sinal que a situação em sua pátria amada é questão de vida ou morte.
Se não são estas as notícias, outras serão, sempre neste cenário desolador.
É preciso encontrar um alento, um espaço de felicidade.
Foi assim que aprendi a perceber os detalhes, os detalhes que destoam da cor local e fazem toda a diferença quando nos surpreendem com o bom, o bem e o belo.
Hoje foram as flores.
Um miguê perfumado deteve os meus passos, um ipê de flor roxa que me intriga desde ontem  por sua raridade, foi partilhado com o amado, e assim iniciei o meu dia, em pleno treinamento,  caçadora dos detalhes, acolhedora das surpresas.
Aberta a brecha para a esperança, acolhidas as surpresas, haverá mais chance para mais.
Completando a manhã, duas boas ligações telefônicas, uma zombeteira e prazerosa, reforçando um convite, bom humor é fundamental, e outra de boas resoluções de trabalho, envolvimento, dedicação e boa vontade fazem toda a diferença.
Esperemos pela tarde.
Bom dia!
Aqui as quartas-feiras em muitos idiomas, fornecidas pela Wikipédia

Idioma
Nome
Significado
Alemão
Mittwoch
Média semana
Espanhol
Miércoles
Mercúrio
Catalão
Dimecres
Dia de Mercúrio
Dousha
Miekonna
Dia de Mercúrio
Esperanto
Merkredo
Dia de Mercúrio
Francês
Mercredi
Dia de Mercúrio
Galego
Mércores
Mercúrio
Italiano
Mercoledì
Dia de Mercúrio
Romeno
Miercuri
Mercúrio
Inglês
Wednesday
Dia de Woden
Sueco
Onsdag
Dia de Odin
Neerlandês
Woensdag
Dia de Woden
Dinamarquês
Onsdag
Dia de Odin
Lituano
Trečiadienis
Terceiro da semana
Japonês
水曜日 (Suiyōbi)
Dia de Mercúrio
Chinês
星期三 (xīng qī sān)
Três da semana
Basco
Asteazken
Último da semana
Latim clássico
Dies Mercurii
Dia de Mercúrio
Grego moderno
Τετάρτη
Quarta [da semana]
Hebraico
יום רביעי
Quarta [da semana]



domingo, 20 de setembro de 2015

Livros- Flores Azuis- Carola Saavedra



Mais um livro lido pela indicação do Grupo de Leitura.
Uma jovem escritora num romance surpreendente.
Carola nos conduz, escravos,  por um enredo de suspense com crescente tensão.
Usando de duas vozes muito distintas, uma vinda das cartas, em primeira pessoa, outra narrando a vida cotidiana de quem as recebe, em terceira pessoa, mas que, a medida que o romance progride se toma rumos parecidos.
O final é surpreendente.
Comparo-o ao fim da leitura de um bom romance.
Quando nos entregamos à trama, vivenciamos os dramas, refletimos sobre as questões propostas, achamos no enredo algo de nosso, mudamos nossa rotina para favorecer a leitura, ávidos, ficamos algo fora do ar quando o livro acaba. Por vezes até demoramos para voltar à realidade depois de tão importantes momentos vividos.
Assim é o final e todo o " Flores Azuis".
Um livro que deixa eco.
Mais que bom!!

PS: por eu ter gostado tanto, fui incumbida de uma resenha "oficial", publicada no blog do mestre Menalton Braff, a quem sou infinitamente grata,  e que copio aqui, a seguir

RESENHA DO MÊS

A resenha de hoje é sobre 'Flores Azuis', da escritora Carola Saavedra*.

O livro foi lido em agosto pelo Grupo de Leitura Dom Quixote. A autora da resenha é a escritora Eliane Ratier**.

Flores Azuis  


Carola Saavedra, escritora nascida chilena e criada brasileira, relativamente jovem, do ano de 1973, escreveu este romance em 2008.
                          
Ambientado no contemporâneo, o romance causa sua primeira estranheza ao ser escrito parcialmente em formato epistolar. A carta é um meio de comunicação em extinção.
Flores Azuis traz a estória de um homem jovem, Marcos, recém- separado, com uma filha de 3 anos, trabalhador, que acaba de mudar-se para o seu apartamento  onde viverá só.
Em meio a caixas de pertences a serem decompostas, cobranças da ex- mulher e até da filha, e a administração de sua nova rotina, Marcos começa a receber cartas, em envelopes azuis , sobrescritas em letra que ele imagina feminina, embora seu conteúdo seja impresso,  endereçadas ao antigo ocupante do apartamento e quase anônimas, assinadas por “A”.

A princípio abre-as para descobrir como poderia fazer com que chegassem ao destinatário correto, mas o teor das cartas o impede de tomar esta atitude.
Em tom agitado de angústia, as cartas trazem com muito suspense, pitadas de erotismo e alguma violência, uma estória impossível de largar. Assim o tudo cotidiano de Marcos vai deixando de ter sua importância frente ao teor das cartas que são esperadas com avidez.
Escrito com maestria, em linguagem simples e muito cuidada,” Flores Azuis” tem duas vozes bastante distintas, a das cartas, em primeira pessoa , e a narrativa da vida do protagonista em terceira pessoa. Vozes que, no correr do texto, se ajustam num mesmo ritmo , um crescendo instigante.
O final é surpreendente e deixa no ar várias questões, que já vinham sendo propostas durante a narrativa,  a serem pensadas e respondidas pelo leitor que é tocado pelo texto.
A verdade é uma delas.
Talvez só as inocentes flores azuis tenham as respostas.


Carola Saavedra nasceu no Chile, mas mudou-se com a família para o Brasil aos três anos de 
idade. Formou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Morou na Espanha na França e na Alemanha, onde concluiu um mestrado em Comunicação Social. Vive no Rio de Janeiro.
Foi autora convidada da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2010.
Prêmios e indicações
•             Premio APCA de melhor romance 2008, por Flores azuis
•             Prêmio Rachel de Queiroz, categoria jovem autor, 2010, por Paisagem com dromedário
Ficou entre os finalistas dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti.
Obra
•             Paisagem com dromedário (romance, Companhia das Letras, 2010)
•             Flores azuis (romance, Companhia das Letras, 2008)
•             Toda terça (romance, Companhia das Letras, 2007)


•             Do lado de fora (contos, 7Letras, 2005)


** Eliane Ratier, dentista, agitadora cultural, coordenadora do Núcleo Ribeirão Preto da União 
Brasileira de Escritores, poeta, autora do livro Notícias Poéticas.

domingo, 13 de setembro de 2015

Livros- Ar de Arestas - Iacyr Anderson Freitas- Ozias Filho



Rico em palavras, imagens, formas e intenções.
A junção das artes, que é minha crença particular.
Uma obra de arte.
O texto de Iacyr é planejado, ritmado, raro.
O tema, dor, não assusta, é nosso muito conhecido, e traduz-se pleno no poema de Iacyr.
A produção de movimento, baseada no texto, é o exemplo da mútua inspiração.
A fotografia de Ozias Filho é a parceria perfeita que valoriza a palavra .
É a própria palavra feita imagem na captura do movimento teatral.
Imagens do humano, velado por texturas , contido e exposto ao mesmo tempo.
Ar de arestas é um livro para se ter sempre à mão , como um recurso de descanso para os olhos e alento para a mente.

domingo, 6 de setembro de 2015

Livros- Chateado com a chateação- Julinho Sertão



Julinho é ilustrador e dos bons.
Agitado, vive trabalhando com arte e cultura.
De sorriso franco e peito aberto nos acolhe e escolhe como companheiros.
Faz tudo isso pelas bandas de Sertãozinho, interior de SP.
Apresentado o autor, vamos à obra
O livro para o público infantil traz a estória do encontro entre os meninos, um deles com uma doença grave, e sua amizade, com belas ilustrações e texto inteligente.
A estória da margem para muita conversa em vários temas.
Rica e oportuna.
Livro que pode ser lido em casa, ou coletivamente em escolas.
Será de bom proveito, sempre.