terça-feira, 12 de novembro de 2013

Posse na academia Alarp- discurso- Antenor Pimenta

Alarp- posse-discurso

De corações unidos faz-se um céu.

Caros, todos,

Honrada no mais alto grau com a indicação para esta academia e com o aceite da mesma, me vejo num céu.
Conheci a Alarp a convite de quem já não é , e sempre será, conviva desta casa, Jair Yanni.
Foi  numa  “ Noite de artes”, emocionante como são todas, no Teatro Pedro II, em 2008.
Desde então tenho seguido admiradora de seus membros e de seus feitos.
Pelas mãos da Alarp conheci magníficos artistas e parceiros.
Agradeço à minha madrinha , Nely Cirino de Mello, à Cléo Reis, minha defensora, e a cada um que me foi favorável, por  acreditarem em mim.
A cadeira que me coube, e que me foi  apresentada e consentida pela presidente Fúlvia Freitas e pelo  presidente de honra  Oscar de Moura Lacerda, é a de Antenor Pimenta, multitalentoso artista,  ator, escritor, autor teatral, poeta, inventor, empresário,  e que era ocupada pelo saudoso e querido Djalma Cano.

na foto Djalma Cano, Jair Yanni, Eliane Ratier e Nely Cyrino de Melo, em outubro de 2010

                                                               os acadêmicos na posse

Antenor Pimenta

Antenor Pimenta nasceu em 22 de julho de 1914 em Ribeirão Preto.
Curioso e ativo em várias áreas, começou cedo como aprendiz gráfico.
 Tipógrafo, foi admitido no jornal  Diário da Manhã.
 Compondo os textos dos colaboradores despertou para a literatura  chegando a ser redator  do jornal que deixou, por uma crise de saúde , em 1938.
Para curar-se resolveu, junto com a esposa Jacyra, acompanhar por um tempo o irmão , o palhaço Pimenta, que atuava no Circo-teatro Rosário.
E assim saíram, para distrair a doença, em viagem com o circo.
Antenor achou no circo, ali guardado, seu coração.
Lembrou-se do tempo em que era admirador  do tio Juvenal,  que tinha um circo, e que  era  inspiração para as brincadeiras infantis com os irmãos.
Antenor e os irmãos montavam um espetáculo para a vizinhança e até cobravam entrada simbólica, em palitos de fósforos.
Nesta excursão de cura, quis o destino que um dos atores da companhia fosse acometido de pequena enfermidade dando assim a oportunidade para Antenor assumir um pequeno papel durante uma apresentação no circo Rosário.
Imaginem, e para nós artistas é bem fácil de imaginar, se Antenor , depois de picado pelo bichinho do palco, conseguiria se manter longe dele.
Nunca mais!!!
Virou ator, depois autor, ensaiador e empresário circense.
Seu grande legado foi na área do circo- teatro.
Os circos levavam, como atração , peças teatrais.
O teatro chegava em todos os lugares através do circo , independente de estrutura física ,e os artistas, atores, tinham onde desenvolver seu trabalho.
Antenor Pimenta foi autor de muitos textos para circo teatro, que eram apresentados por todo o país.
Seu texto mais famoso é  “O céu uniu dois corações” que é encenado até hoje por escolas de teatro e grupos circenses.
Era exigente com seus atores, e embora os textos remetessem a melodramas pedia a todos uma atuação naturalista, exigia o texto decorado e ensaiava cada ato até a perfeição, antes de trabalhar o próximo.
Seus atores eram disputados no mercado de trabalho pois eram extremamente disciplinados pela mão de ferro de Antenor.
A produção de figurino, maquiagem e cenário também era cuidadosa e detalhista.
Figurinistas e cenógrafos estavam envolvidos com recursos técnicos modernos da época.
A sonorização era feita ao vivo com músicas e efeitos.
Mas, sucesso mesmo, faziam as peças em que Antenor atuava, pois ele colocava no meio do texto seus poemas, bordando as cenas , tornando-as únicas.
Em algumas cidades foi convidado para se apresentar no teatro local .
Em Ribeirão Preto apresentou-se no teatro Pedro II em uma peça-homenagem aos pracinhas da segunda guerra.
Antenor era empresário consciencioso, cuidava da qualidade de vida dos funcionários do circo, preocupava-se com o conforto da platéia, e com o acesso de todas as parcelas da  população da cidade visitada aos seus espetáculos, reservando  sessões com preços mais acessíveis e tempo para atuações beneficentes.
Tirou pequenas férias da vida nômade. Parou com o circo por três anos para acompanhar de perto , a vida escolar dos filhos: Marly, Helton, Nely e Vera Lúcia.
Nesta época fez novela de rádio com seu irmão Arlindo, o palhaço Pimenta e até cinema, num filme com Mazzaropi.
Aposentou-se do circo aos 50 anos, em 1964, quando o Circo- teatro , entrava em declínio com a popularização da televisão.
Radicado em Ribeirão, fez mais um texto para teatro e dedicou-se às suas invenções práticas para melhorar a vida, principalmente dos mais necessitados. Requereu mais de três mil patentes de inventos.
Tomou posse nesta academia em 1987, na cadeira 29 de Piolin.
Reeditou seus espetáculos na rua de sua casa, revivendo sua meninice.
Voltou aos palcos em 1986 para mais uma apresentação de sua  mais famosa peça “ E o céu uniu dois corações”,  junto com o Grupo de teatro da Unaerp  e pode mostrar na prática a técnica por ele desenvolvida e cobrada durante as montagens de seus espetáculos circenses.
Faleceu em Junho de 1994, aos quase oitenta anos.
Antenor Pimenta!
Uma figura inquieta, produtiva e inovadora,que promoveu e o bem estar através de seus talentos e fez a diferença, tanto que hoje, é lembrado por nós pelo seu legado.
Brindo a Antenor e peço sua benção inspiradora.
Falecido, Antenor deu origem à cadeira 52 da Alarp, ocupada por Djalma Cano.




PS: Esta pesquisa foi baseada no livro da sobrinha de Antenor, Daniele Pimenta e foi só o início ,  há muito mais a ser pesquisado.
Quando souberam da pesquisa muitos manifestaram o conhecimento pessoal de Antenor.
Na posse alguns convidados, Jugurta Lisboa, Rita Mourão, declararam ter assistido à peça de Antenor.

Sua filha Marly mora em Ribeirão Preto, seu filho Helton é radialista esportivo e seu neto Helton é dentista, fechando magicamente o círculo.


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