quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Dezembro de Olavo Bilac




Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, o “ Príncipe dos poetas” é o nosso poeta do mês.
Nasceu em 16 de dezembro  de 1865 e faleceu em 28 de dezembro de 1918 na cidade do Rio de Janeiro.
Poeta da escola parnasiana, muito conhecido e lido por estudantes , referendado em livros escolares.
Primou pela excelência da linguagem, ritmo, e  métrica rígida  nos poemas.
Seu nome é um verso Alexandrino, 12 sílabas acentuadas a sexta e a décima segunda.
Dedicou especial atenção aos poemas para crianças e os de caráter cívico.
É autor da letra do Hino à Bandeira.
Nacionalista, participante ativo da política nacional, Bilac, embora tenha iniciado dois cursos superiores, medicina e direito, não se formou em nenhum.
Mesmo assim recebeu o diploma de professor honorário da Universidade de São Paulo, pouco antes de falecer.
Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, criando a cadeira 15 de Gonçalves Dias.
Hino à Bandeira

Salve lindo pendão da esperança!
Salve símbolo augusto da paz.
Tua nobre presença à lembrança.
A grandeza da Pátria nos traz.
Refrão
Recebe o afeto que se encerra.
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
2
Em teu seio formoso retratas.
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
(Refrão)
3
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser!
(Refrão)
4
Sobre a imensa nação brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre sagrada bandeira,
Pavilhão da justiça e do amor!
(Refrão)

 Ouvindo estrelas
Bom poema para decorar e dizer para a namorada ou na festa de final de ano do trabalho.

OUVIR ESTRELAS- Olavo Bilac
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

(Poesias, Via-Láctea, 1888.)



Poema  de Natal
Natal 

Jesus nasceu! Na abóbada infinita 
Soam cânticos vivos de alegria; 
E toda a vida universal palpita 
Dentro daquela pobre estrebaria... 

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas, 
No berço humilde onde nasceu Jesus... 
Mas os pobres trouxeram oferendas 
Para quem tinha de morrer na Cruz. 

Sobre a palha, risonho e iluminado 
Pelo luar dos olhos de Maria, 
Vede o Menino Jesus, que está cercado 
Dos animais de pobre estrebaria. 

Não nasceu entre pompas reluzentes: 
Na humildade e na paz desse luar, 
Assim que abriu os olhos inocentes, 
Foi para os pobres seu primeiro olhar. 

No entanto, os reis da terra, pecadores, 
Seguindo a estrela que ao presepe os guia, 
Vêm cobrir de perfumes e de flores 
O chão daquela pobre estrebaria. 

Sobem hinos de amor ao céu profundo; 
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal! 
Sobre esta palha está quem salva o mundo 
Quem ama os fracos, quem perdoa o Mal! 

Natal! Natal! Em toda a Natureza 
Há sorrisos e cantos, neste dia... 
Salve, Deus da Humanidade e da Pobreza, 
Nascido numa pobre estrebaria.
                                                               Olavo Bilac

Língua portuguesa
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


A Boneca
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira : “É minha!”
— “É minha!” a outra gritava;
E  nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxavam por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando a bola e a peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca ...




A Avó

A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha!...
Teve tantos desenganos !
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.
Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.
Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala ...
Entram rindo e papagueiando :
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando ...
A velha acorda sorrindo.
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.
Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados, 
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos doirados.
Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita :
"Ó vovó ! conte uma história!
Conte uma história bonita!"
Então, com frases pausadas,
Conta histórias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas ...
E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
- Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem ...

Texto publicado originalmente no blog da Revide.



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