sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Eu, voluntária.



Ser voluntária não é questão de desejo, nem é convocação.
Ser voluntária é uma conquista.
Não sei se é universal, para todo tipo de voluntário, mas algo deve haver em comum entre nós.
Vou contar como está acontecendo agora, em minha primeiro experiência como voluntária oficial, na Olimpíada.
Em primeiro lugar há o desejo , sim.
Depois vem a busca do caminho e o ato do pedido.
Listar habilidades, conhecimentos, e saber, três anos antes do fato, em que local você gostaria de trabalhar.
Depois vem as chamadas para entrevistas e treinamentos.
Todos desafios.
É preciso programar-se para fazer os cursos pelo computador.
É preciso agendar entrevista fora de sua cidade, na capital.
É preciso viabilizar a ida até lá, viagem, metrô, perguntas, enganos e perdidos.
Dúvidas!!
Será que eu consigo chegar?
O que será que vai acontecer?
Como será lá?
Feito isso vem o teste propriamente dito.
Um grande questionário em língua estrangeira, uma dinâmica de grupo onde pessoas treinadas vão observar seu comportamento e fazer uma primeira avaliação.
Será que você tem o perfil para ser voluntário?
É essa a resposta que é esperada por meses.
Seus conhecidos começam a dizer, via computador,que já receberam suas respostas, começam a celebrar e a sua nunca que vem.
E quando a resposta finalmente aparece, você se derrete maravilhado.
É só o tenro começo.
Daí para frente são treinamentos pela internet, grupos em redes sociais, mensagens informativas e mais uma infinita espera pelas diretrizes práticas.
O que, quando  e onde?
O tempo passa, o ano vira, seus conhecidos já sabem onde estarão, alguns já fazem as malas e você ainda não sabe onde vai.
No desespero começa a ligar para a central de informações e eles de alguma forma o tranquilizam dizendo onde você não estará, isto é , no lugar onde você fez a opção para estar.
O que já é um começo.
Depois que tudo já foi arranjado, você já discutiu com sua cara metade, sofreu com a ansiedade dos filhos, chega seu Local de Trabalho e sua ocupação.
Nada a ver com nada.
Aí você liga novamente para a central de atendimento e o atendente lhe responde, a vinte dias dos jogos que , se você quiser ele tenta mudar mas vai demorar.
Aí você deixa quieto, o importante é participar.
E é mesmo!
Não importa onde você está.
Importa é que você está.
E vem os treinamentos do local de atuação onde você conhece seus colegas de trabalho.
Pessoas que você nunca viu antes, reunidas sob um mesmo código de conduta.
Aí vemos como os selecionadores são experientes.
Quando o grupo recebe a instrução é como se ela não fosse uma instrução e sim, um  lembrete.
Tudo que foi dito é o que já fazemos, cada um de nós, e nada do comportamento proposto é novidade para  nós.
É nesta parte que nos olhamos  e vemos que somos iguais na diferença.
Somos voluntários.
Não vou falar do crescendo de dificuldades conforme o evento se aproxima.
Viagens de última hora, cidade desconhecida, promessas de perigos, caminhos aparentemente sem companhia.
São grandes desafios!!!!
É como saltar do abismo toda semana e confiar na rede de proteção, nas asas.
É confiar no outro, na vida.
É dizer sim!!!
É querer muito!!!
Pensar em desistir?
Todos os dias.
Mas com o continuar da caminhada vemos a longa distância já percorrida.
O cargo exige coragem, disponibilidade, dedicação, determinação e comprometimento.
Muito perto agora.
Estou a dois dias do início do meu trabalho nos Jogos Olímpicos e a riqueza do que tem acontecido ainda não pode ser mensurada e nem sei se conseguirei nomear os ganhos.
Sei que, desde o princípio, tenho me emocionado de maneira especial, e a emoção é bom guia.
Estou feliz, confiante, mas não dispenso a torcida.



3 comentários:

  1. Boa sorte miga!!!! Que td dê muito certo e que seja uma enorme lista de experiências positivas. Temos que marcar um encontro assim que chegar para ouvir todas as histórias!!

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  2. Eu só poderia esperar isto de você. Maior orgulho de ter você no rol de amigos!

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  3. Eu só poderia esperar isto de você. Maior orgulho de ter você no rol de amigos!

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