quinta-feira, 14 de maio de 2015

Minha turma



Acho que já escrevi sobre isso aqui, mas como a memória é cada vez mais falha, e pelo andar da carruagem e pelo adiantado da hora, não procurarei por este texto, escreverei de novo.
Nunca tive turma. Fui de todas e de nenhuma.
Como cachorro de muito dono, ninguém tinha a obrigação de me incluir, ou seja, cuidar de mim.
Não, não, não , sem chororô, sem problemas, muito pelo contrário, amo esta independência.
Mas agora...acho que achei a minha turma.
Não temos uma aparência física definida e uniforme, nem pertencemos à uma determinada classe social, mas portamos um ar etéreo, algo angelical e misterioso,  um jeito de fazer sumir o olhar no horizonte vislumbrando segredos que o outro entende sem questionar.
Somos facilmente abraçáveis e vertemos lágrimas de emoção a cada momento.
Parecemos fortes, destemidos, mas nossas mãos tremem e nossas vozes embargam sem aparentes motivos.
Somos capazes de esquecer do mundo quando estamos com um livro, ou de passar horas, semanas, meses, quando pouco,  no aperfeiçoamento da ideia, do traço, na busca de uma palavra perfeita. Soube de um caso onde ela só apareceu depois de uma década!!
Encantamo-nos com tudo, principalmente com a simplicidade.
Temos o senso de valor alterado. Nossos tesouros não são, necessariamente, de ouro e prata, mas apreciamos noites de lua, belas paisagens,  música, vinhos e um bom jantar.
Suspiramos pelos cantos e estamos bem.
Temos o coração opresso e fazemos lindezas.
O olhos molhados são os que melhor veem.
Pois é , foi assim, de repente, que me encontrei enturmada, acolhida com generosidade, desejada pelo que tenho de melhor, meu pensar, meu agir, meu fazer, meu sorrir.
Obrigada, amigos poetas, artistas, minha turma, turma boa, turma querida.
Eliane Ratier

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