Achava muito estranho quando via meus pais lendo o jornal e notava que eles procuravam a página de obituários em primeiro lugar.
Eu leio os jornais diariamente e se o tempo é curto obedeço uma prioridade de desejo que começa pelo horóscopo, depois o caderno de cultura local.
De uns tempos para cá, incluí na minha rotina os obituários.
É, minha vez chegou de encontrar notícias sobre os amigos e conhecidos nestas páginas, indesejadas mas de reconhecida utilidade.
Fico sabendo por ali sobre a morte de pessoas conhecidas, e até mesmo queridas.
Quando sei à tempo, e a perda é para mim importante, vou até o velório.
Um programa estranhíssimo, diga-se de passagem.
Caso a morte seja de parente de amigo, a finalidade é levar algum consolo aos que ficam por meio da presença.
Se a morte é de amigo, aí é caso de descrença mesmo.
Difícil acreditar que alguém tão vivo possa estar morto.
Aí vou até lá para conferir.
( Tem gente que vai só para ver a dor do outro, ou checar seu comportamento e traje de luto, ou mesmo, se o defunto for publicamente importante, só para assinar o livro de presença e ser visto pelos outros que estão ali pela mesma finalidade.Ah! e tem aqueles que sob a desculpa de homenagear o morto, põe seus dotes de oratória à serviço de si próprios, fazendo "exposição de sua figura". )
Nos poucos casos em que estive em loco para conferir, descobri que o amigo já não estava mais lá.
No lugar do rosto uma máscara guardando alguma familiaridade, mais nada daquela pessoa que você conheceu e conviveu.
A dor também é desconhecida, é assim que descubro como dói uma ausência.
Aprendi a cultuar a memória dos que se foram repetindo seus atos mais característicos e incorporando-os sem medo, e com créditos, ao dia à dia.
Assim mantenho-os carinhosamente por perto.
Hoje li no jornal sobre a morte de um dos queridos, logo partilharei com vocês sua história comigo.
Desculpe o tema, mas a morte faz parte da vida.
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