quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Edward Albee, dramaturgo

Acabo de ler uma entrevista de Edward Albee, dramaturgo americano de 82 anos, autor de peças famosas e polêmicas por causar incômodos à platéia.
Dentre suas peças cito algumas mais famosas: " Quem tem medo de Virgínia Woolf", " Tres mulheres altas", " Um Equilíbrio delicado", todas absolutamente inéditas para mim.

Pinço algumas frases que vem de encontro à minha crença:

" Muitas das minhas peças são sobre pessoas que estão vivas, mas morreram emocional e intelectualmente muito tempo atrás. Você pode estar morto no íntimo e ainda vivo"

" O que a arte precisa é ser mobilizadora de nossa mente e de nossas emoções. Ela não tem de nos deixar felizes, mas sim mais conscientes de nossos valores"

"A maioria das pessoas quer um entretenimento seguro e amigável. Não deseja que seja um ato de agressão. E quase toda arte , em seu melhor, é um ato de agressão contra o status quo. Ou seja, está ali mpara levantar questões, não para fornecer respostas fáceis, simples.
Mas se você faz perguntas difíceis, irrita muita gente. Essa é a função da arte, entretanto. Se ela não lhe saca do conforto, não é arte. O problema é que boa parte das pessoas tem preguiça intelectual."

" O único problema da democracia é que você tem o que quer, em vez daquilo que deveria querer. Numa democracia, swe voc~e é bem educado, pode tentar alcançar aquilo que deveria querer."

" Quando eu ia à escola , tinha uma classe de formação cívica, em que aprendia como o governo trabalhava e o que significava um ato político. Não se ensina mais isso na América. Também tive aulas de música, literatura e artes visuais. Hoje, elas não são consideradas importantes. As preferências das platéias são ditadas pelo pouco que aprendem. Se o cardápio ensinado fosse mais amplo, a gama de interesses seria mais diversificada. "

" Ensino porque aprendo ao fazê-lo. Sou muito egoísta. Se não existisse essa via de mão dupla, naõ funcionaria para mim. Sempre digo aos alunos: "Escrevam a primeira peça de todos os tempos. Inventem a forma , a estrutura, a idéia". Toda arte é reinvenção, não repetição. Arte ruim é repetição."

fonte: folha de sp, 30 de dezembro de 2010

2 comentários:

  1. Eliane, eu li essa entrevista na Folha. Você foi muito feliz nas frase escolhidas. Uma das minhas primeiras peças que vi na vida, aos 18 anos, em São Paulo, foi "A história do Zoológico", com Raul Cortez e Ítalo Rípoli Filho, num palco pequeníssimo, de 4 metros quadrados no saudoso "Ponto de Encontro" (eu vendia o título de sócio desse misto de livraria, discoteca e teatro). Foi impactante.
    É um autor cáustico, agressivo, mas dotado de um senso de observação dos costumes muito apurado. Parabéns pela iniciativa de mostrar mais um pouco do Albee para seus apreciadores. Grande beijo!
    Djalma

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  2. Considero a relação do teatro e da educação muito intima e entrelaçada. O teatro em seu fazer mais intimo nas questões do verbo ENCERNAR (que abrangem des da composição literária até a dispersão da platéia após aplausos ou vaia)e a educação, em seu sentido de emancipação do sujeito, de esclarecimento crítico independente de ideologia, mas de possibilidade de escolha e convivência tolerante. é bom que vez ou outra um encenador bote a boca no trombone e que ecos como esse espalhem as boas velhas boas novas de sempre...

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