sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Mauritstaad- Recife- Ano da Holanda no Brasil -2011

Há algum tempo atrás postei aqui, inspirada por Ely Vieitez o poema sobre o Recife de Manuel Bandeira.
Hoje, instigada pela revista da Livraria Cultura,que fala sobre o ano da Holanda no Brasil e por recordações da viagem,passando por Amsterdã, partilhadas pela minha filha viajante, fui atrás do termo Mauritstaad,que aparece no poema do Manuel, cujo significado eu intuia , mas não sabia.
Agora, de posse de mais um pouquinho de conhecimento, ligo o "nome à pessoa", e sei que os canais e pontes de Recife, não remetem à Veneza, como comumente é designada, "Veneza Brasileira", e sim talvez à Amsterdã,cidade de infinitos canais, capital da Holanda, país inspirador de sua urbanização.
Uma das características de Amsterdã, que a filha Lívia percebeu, são as casinhas tortas.
Como não conheço nenhuma das cidades aqui mencionadas, fico no aguardo para conferir em loco as parecenças.





Recife, a Mauritstaad

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Maurício de Nassau
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Desembarcando na Nieuw Holland, a Nova Holanda (o Nordeste do Brasil) acompanhado com uma equipe de arquitetos e engenheiros, o conde foi fundo na construção da Mauristaad, a cidade de Maurício. Célebres por aplacar as tiranias do Mar do Norte, os técnicos de Nassau, "arquitetos da cultura", devem ter achado bem mais fácil domar os desatinos do rio Capibaribe e secar os mangues e os pântanos circunvizinhos à minúscula Recife de então. Foi deles o projeto de dotar a cidade de pontes, diques e canais que permitiram-na defender-se das águas desordeiras que a cercavam.
A intenção dele era fazê-la estupenda, a capital do império holandês das Américas (composto então por uma cadeia de fortalezas que iam do Forte Schoonenburg, no Ceará, até o Forte Maurits, na embocadura do São Francisco, ao sul de Alagoas, uns 1500 km mais ao sul). E isso sem mencionar os seus domínios africanos que englobavam uma série de feitorias na Guiné e Angola situadas no outro lado do Atlântico. Controlando diretamente o açúcar simultaneamente às bocas do tráfico negreiro, o "ouro doce" ficava inteiramente nas mãos da WIC (West Indische Compagnie), a grande empresa holandesa daqueles tempos, a quem ele representava como General-governeur (de 1637 a 1644).

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mário Faustino- a fatalidade anunciada

Não sei como o nome de Mário Faustino veio parar em minhas anotações, mas obedecendo ao meu próprio comando fui tratar de conhecê-lo.
Descubro que foi poeta e jornalista. Andou à serviço em muitos cantos do Brasil, viveu de 1930, à 1962,época de grandes transformações sociais e evoluções tecnológicas. O mundo já se movia rápido.
Morreu de morte anunciada e marcada por uma vidente, episódio que não consegui saber ao certo, em desastre aéreo, à caminho de Cuba em viagem de trabalho.
Coloco aqui dois poemas, intensos, do jovem Mário.
ROMANCE

Para as Festas da Agonia
Vi-te chegar, como havia
Sonhando já que chegasses:
Vinha teu vulto tão belo
Em teu cavalo amarelo,
Anjo meu, que, se me amasses,
Em teu cavalo eu partira
Sem saudade, pena, ou ira;
Teu cavalo, que amarraras
Ao tronco de minha glória
E pastava-me a memória
Feno de ouro, gramas raras.
Era tão cálido o peito
Angélico, onde meu leito
Me deixaste então fazer,
Que pude esquecer a cor
Dos olhos da Vida e a dor
Que o Sono vinha trazer.
Tão celeste foi a Festa,
Tão fino o Anjo, e a Besta
Onde montei tão serena,
Que posso, Damas, dizer-vos
E a vós, Senhores, tão servos
De outra Festa mais terrena
Não morri de mala sorte,
Morri de amor pela Morte.

O MÊS PRESENTE

Sinto que o mês presente se assassina,
As aves atuais nascem mudas
E o tempo na verdade tem domínio
Sobre homens nus ao sul de luas curvas.
Sinto que o mês presente me assassina,
Corro despido atrás de cristo preso, |
Cavalheiro gentil que me abomina
E atrai-me ao despudor da luz esquerda
Ao beco de agonia onde me espreita
A morte espacial que me ilumina.
Sinto que o mês presente me assassina
E o temporal ladrão rouba-me as fêmeas
De apóstolos marujos que me arrastam
Ao longo da corrente onde blasfemas
Gaivotas provam peixes de milagre.
Sinto que o mês presente me assassina,
Há luto nas rosáceas desta aurora,
Há sinos de ironia em cada hora
(Na libra escorpiões pesam-me a sina)
Há panos de imprimir a dura face
A força do suor de sangue e chaga.
Sinto que o mês presente me assassina,
Os derradeiros astros nascem tortos
E o tempo na verdade tem domínio
Sobre o morto que enterra os próprios mortos.
O tempo na verdade tem domínio.
Amen, amen vos digo, tem domínio.
E ri do que desfere verbos, dardos
De falso eterno que retornam para
Assassinar-nos num mês assassino.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Nicholas Sparks, Diário de uma paixão

Então, frente ao estrondosos sucesso de Nicholas Sparks, resolvi ler um segundo livro para ver se descobria se havia um truque e qual era.
Diário de uma paixão foi-me indicado pela Fabiana,19 anos, leitora fã de Nicholas, que o achou mais adequado para mim.
Nem vou entrar na história em si,o tema é o amor, como em todos os seus livros, mas no final deste há umas boas surpresas à começar pela biografia do autor.
Nicholas é antes de tudo um homem dinâmico que experimenta a vida. Ousado e destemido.
Confessa seus caminhos e divide-os conosco, sem segredos.
Gostei muito de saber.
Truques ( que funcionam) e técnicas à parte, o livro é difícil de largar. Envolvente te deixa dentro da história, e como nas novelas, ansiando pelo próximo capítulo.
Entre os anexos há um guia de reflexão sobre o livro através de perguntas que instigam a fazer um paralelo com a sua própria experiência.
Este é um dos papéis da leitura, promover a reflexão sobre sua própria vida.
Parabéns, gostei muito disso.
Neste livro as letras também aumentaram de tamanho, o que ainda me intriga sobre o real motivo.
Nicholas Sparks é bom e descompromissado passatempo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Eles eram tantos cavalos, Luiz Ruffato

Amigos, acabo de ler " Eles eram tantos cavalos" de Luiz Ruffato.
Ruffato já esteve em Ribeirão Preto, nos serões literários do Cauim e na Feira do Livro.
Jovem e simpático, Ruffato tem uma trajetória inusitada de caminhos superpostos à sua vocação literária. Quem se interessar por sua história, acesse este link, lá há uma bela entrevista de Ruffato, feita por Eliane Brum.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI206842-15230,00-A+IGREJA+DO+LIVRO+TRANSFORMADOR.html

Sua escrita tem por estilo ocupar os corpos dos personagens dando-lhes voz e sotaques próprios, vasculhando os podres de cada um, em cores fortes borradas pela fuligem, nubladas pela fumaça, aromatizadas pelo àlcool, no tom do desespero, em ritmo frenético.
Excelente, mas nada relaxante. É impossível descansar sob a inquietante voz de Ruffato.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Prêmio Carlos Drummond, SESC de poesia, Brasília

Amigos, a amiga e colega escritora , Mara Senna, foi uma das premidas no concurso do SESC Brasília, e teve seu poema "Bruma Seca", publicado na coletânea de poesias vencedoras do Prêmio.
Livro bonito, bem acabado, bem cuidado, como tudo que o SESC faz.
Junto à ela muitos talentos.
Listo alguns para não me esquecer e quem sabe fazer-lhes a vontade de os conhecer.
- Cesar Cardoso- www.cesarcar.blogspot.com
o que fica
foi tudo
que não
fiz
esta vida
por um quase
este quase
por um triz
...

- Ricardo Martins Freire
o menino que chovia

- Éder Rodrigues
variações sobre um mesmo tom

- Luciano Dionísio dos Santos
delito

- Guilherme Scalzilli
monogamia
guilhermescalzilli.blogspot.com

- Mauro Sèrgio Santos
sempre(me)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Noticias poéticas- Fevereiro de 2011

Notícias Poéticas- fevereiro de 2011

Amigos,
Este fevereiro vem atípico, sem a folia carnavalesca.
Trocou de par com março, que enlaça a Colombina.
Fevereiro, Pierrô, ficou com o trabalho.
Pedi notícias e elas vieram em mosaico multitonal.
Nascimento de filho literário.
Morte de filho natural.
Projeto sonhado virando real.
Muitos beijos, abraços e sorrisos.
Gente indo viajar ao encontro do frio, fugindo do calor.
Gente chegando do frio, desejosa do calor da terra, do calor do lar.
De repente, um poema, em tom querido, luminoso lampejo de inteligente ser.
Um insuspeito talento quicando a casca por dentro, querendo nascer.
Lágrimas coletivas nos olhos da nação.
Indignação pelas vítimas .
Impotência diante da natureza.
Pasmo diante do homem.
Gente na mesma vibe.
Gente descrente na felicidade.
Se me contam por onde andam, antes ou depois das jornadas, ando convosco.
Só lhes peço que andem.
Não se deixem paralisar.
Movam-se.
O movimento cria o movimento, onde tudo flui harmonioso, em cíclico movimento.
Bom Fevereiro

Fome

É tarde já
Ou cedo ainda
O relativismo borra os limites do tempo

Parabólicas captam
Silenciosos sinais

Sem comportas,
Refletem informação áurea
“ o conhecimento é o alimento da alma”

Empanturro-me e ainda berro faminto

Mais não é tudo
E tudo é pouco
Um quase nada
Para quem deseja,
Louco!
Ter a alma saciada.

Eliane Ratier- fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Valentine`s day- 14 de fevereiro

Não escreverei um post romântico nem encherei a página de coraçõezinhos bregas, deixarei aqui a letra sincera e singela de uma música que me toca, como se fosse minha própria, e duas versões cantadas, uma classiquíssima e uma atualizada.
Escolha a sua e mordisque os versos na orelha de sua namorada.
Hoje é dia dos namorados, lá na América do Norte, por aqui o dia dos namorados é no meu aniversário, em junho.






My funny Valentine
Sweet comic Valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable
Unphotographable
Yet you're my favourite work of art
Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?
But don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little Valentine stay
Each day is Valentine's day

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Burlesque- nos cinemas


Do alto das botas 7/8 de Cher ( visualizaram? algo como uma bola de golf em cima de um pino de apoio mal enterrado, não ela, eu!), eu lhes digo de Burlesque... sem estragar nenhuminha surpresa.
Não esperem uma boa história, não há, nem um bom roteiro, esqueça, é só um pano de fundo para a exibição de belas mulheres, divinos figurinos, um catálogo de homens de tirar o fôlego, e música dançante e eterna.
O que me lembra que poderia haver sessões em cinemas sem poltronas e ferveríamos em big close, com nossos ídolos num vídeo clip coletivo.
Yeahh, Yeahhh, Yeahhh!
Difícil ficar sentada com comichões nos quadrís, braços que ameaçam uma extensão, abdômens que ensaiam contrações, cabeças que se imaginam batendo, mãos contidas em suas expressões, olhos e bocas prontos para o carão.
Quem dança, sabe do que eu falo.
Quem não dança? Ora , usem a imaginação!
Tá tudo lá e aqui, o revival das pin ups, a pegada rocker, os makes êmo,a Neon de Dudu Bertolini,o festival burlesco no SESC-Ribeirão com dedinhos de Renato Grecco, the good guy, the wrong guy, nudez masculina com classe ( como a globo deveria aprender a fazer, sem apelação), e o bom, e autêntico musical, desta vez temperadinho com um quê das antigas vedetes, retratando espetáculos tendendo ao vaudeville, às variedades, que ainda suspeito, que só aconteçam em filme.
Isso existe????
Existindo ou não, atentem para a verdadeira aula de sedução. O jogo do cede e retoma, o mostra e vela, nada oferecido, nada exposto e já totalmente entregue, absolutamente sensual.
Pena, mas pena mesmo, que bem poucos consigam apreciar este jogo.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Elizabeth Bishop-escritora- centenário de nascimento

Comemorou-se nesta semana, 08/02, o centenário de nascimento de Elizabeth Bishop, escritora americana que viveu no Brasil por muitos anos, produzindo literatura e deixando rastros físicos na paisagem das Minas Gerais ( casa Mariana).
Brindando à ela deixo aqui um de seus mais populares poemas, que merece, se alguém puder fazê-lo, ser lido também, na língua mãe da autora.

One Art
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.


Tradução de Paulo Henriques Britto

“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério. “
Elizabeth Bishop- centenário de nascimento 08/02/2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Martha Medeiros- Fora de mim

É como diz Ruffato, não há falta de inspiração e sim trabalho disciplinado, então vamos à ele.
Acabo de ler, por iniciativa da filha que comprou o livro e é também fã da autora, a mais recente publicação de Martha Medeiros, o " Fora de MIm".
Confesso que fiquei um pouco assustada com o início da história, um tom auto comiserativo que não combina em nada com a fala da nossa amiga Martha, mas lá pelo meio do livro ela se apruma e recupera a sua voz solidária, irmã e encorajadora, que faz com que as mulheres se sintam sobre os próprios pés e com as rédeas de suas vidas nas mãos.
Para nosso alívio, Martha é a nossa Martha.
Uma coisa que chama a atenção em seu livro é o tipo de letra escolhido: polêmicas letras grandes.
Deve ser algo bom , pois Martha vem da publicidade, o que lhe autoriza, de alguma forma, à buscar caminhos que facilitem a venda do seu produto.
Por aqui alguns autores defendem o uso da letra maior por conta do público de mais idade que tem dificuldade com a leitura, outros acham que é para dar volume à obra, já que o tamanho maior das letras implica em uso de mais papel para a impressão.
Acolhidos os pontos de vista, aguardo opinião especializada, e digo que Martha Medeiros é sempre uma boa leitura.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Casulos de salto alto

Na sacada do meu ap, há um enfeite novo. Num canto abrigado do sol direto e do vento, há, pinduradinhos no teto, casulos. Pelo menos é o que penso que são estas coisinhas branquinhas que se assemelham à sapatinhos de boneca de saltos altos.
Descobri-os por acaso, não é lugar de passagem de olhos. Agora a vigilância é cotidiana para ver o que emergirá de lá, e quando.
Não quero perder o acontecimento, as crisálidas à abrir asas já borboletas feitas.
Exibirão cores, brancas, amarelas, ou serão castanhas ou negras, ou será que esta especulação já está fadada ao fracasso, pois que cores podem ter à ver com idade das mesmas?
Contarei os dias e lhes contarei em breve.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

10:23- Homeopatia sob protesto

Acabo de ler no jornal uma notícia sobre protestos contra a homeopatia feito por grupos em várias partes de mundo ,incluindo o Brasil.
Eles querem conscientizar a população sobre a provável impossibilidade de ação de um medicamento com princípio ativo extremamente diluído, com o é o medicamento homeopático.
Eu não sou especialista na área mas acredito que, se mal não fizer, o medicamento lhe será benéfico se houver crença nele.
Não digo que só a fé vá resolver, mas que ela dá uma boa ajuda, dá, principalmente no caso da homeopatia que se baseia em tratamentos à longo prazo de moléstias crônicas.
Bem, e nem sei se é isso mesmo, mas o que quero é deixar aqui o meu depoimento sobre a experiência própria com a homeopatia.
O que me levou à homeopatia foi uma queixa crônica e genérica, daquelas que se fosse ser acudida pela alopatia geraria a demanda por uma meia dúzia de medicamentos.
Já havia experimentado a homeopatia com minhas filhas, para problemas alérgicos. Era mais uma tentativa de tratamento, dava a impressão de estar fazendo alguma coisa enquanto esperava pelo tempo passar e as crianças se tornarem adultas, minorando o problema.
Há coisas que não tem cura, só convivência.
Mas vamos a história.
O médico me consultou em atitude acolhedora e ouvido atento.
Logo após a explanação de meus "problemas", começou a me fazer perguntas que eu nunca tinha me feito e a referendar respostas, muitas vezes temerosas da minha parte, na literatura, em citações, que ele sacava diretamente dos livros da estante, inclusive da Bíblia, o livro sagrado.
Percebi que começava ali o meu tratamento.
Não sei qual o remédio recomendado, nem meu remédio de "fundo", mas sei que à partir daquela consulta acordei para aspectos do meu ser e do meu fazer que se sofressem alguma mudança me colocariam no caminho da cura para meus males.
Despertei, lenta, tateante e algo incrédula, percebendo que a "cura" estava em mim, e o meu mal, não era exclusivo, era tão universal que estava nos livros, e não nos livros técnicos,estava nos livros populares, nos de literatura, até no livro mundialmente mais lido.
Lamentei profundamente não ter tido esta percepção quando do tratamento das filhas. A homeopatia, naquele caso, poderia ter sido mais do que um passatempo poderia ter sido realmente eficaz.
Ela fez a sua parte, eu não fiz a minha.
O cotidiano e o pensamento vigente de rapidez e eficiência roubam-nos o tempo para reflexão e percepção.
A crença cega na modernidade como símbolo de qualidade nos leva a abandonar antigos e saudáveis hábitos.
Relembro aqui a importância de seguirmos sendo seres críticos, pensantes e não apenas engolidores de informação.
Pensar dá um pouquinho mais de trabalho, mas quando se trata de algo tão importante como a própria vida, me parece esforço mais do que válido.