Amigos, vocês sabem, faço parte da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, a Alarp e , para variar, me envolvo para além de ser.
Lá tenho o cargo de Secretária. Eu lidando com papéis e organizações!
Vai ver que é para validar a herança do avô, que tinha o quartinho de bagunça mais organizado que já vi, e do pai, que exerceu a função burocrática no trabalho.
Bem, mas o fato não é este.
Gosto demais do que faço!!
O fato é que me coube, por ocasião da festividade comemorativa do Dia da Mulher, preparar e apresentar um histórico da data que agora divido com vocês.
Assim mando meu abraço a todos, mulheres e homens.
Hoje a Alarp comemora o Dia
Internacional da Mulher numa noite de arte, na colaboração entre homens e
mulheres, artistas que se admiram, portadores de habilidades que se
complementam.
Coube-me a explicação sobre o Dia
da Mulher e tomo aqui, como roteiro a música de Milton Nascimento e Fernando
Brandt, Maria , Maria.
Maria somos todos nós, os que
sofremos humanamente.
A história do dia 08 de março, Dia
Internacional da Mulher, está intimamente
ligada à entrada da mulher no mercado de trabalho formal, mulher como mão de
obra assalariada.
O capitalismo é o pai deste ato.
Com o aumento da população nos
centros urbanos e a intensificação do
comércio à partir do século XVI começa a haver mais demanda para os bens
de produção.
No século XVIII aparecem as
máquinas e o trabalho começa a acontecer em fábricas, com destaque para a
indústria têxtil.
Com a automação, diminui a
necessidade de força física e mulheres e crianças começam a ser preferidas para
determinadas tarefas que exigiam delicadeza na lida.
As mulheres vão ao trabalho para
manterem-se e aos seus lares.
Algumas são sozinhas, viúvas,
solteiras. Outras, casadas, mães, vão ao trabalho para obter renda para
sobrevivência já que os homens são também operários mal remunerados.
As trabalhadoras tem salários
muito baixos, extensas cargas horárias, são
submetidas a ambientes insalubres e grande pressão de produção, sofrendo
ameaças, castigos e abusos morais e sexuais.
Lia-se em um cartaz na parede de
uma tecelagem inglesa, onde o turno de trabalho era de 14horas à temperatura de
29 graus, com as janelas fechadas “ é
proibido ir beber água para não perder tempo” “ será multado quem abrir uma
janela, se lavar durante o turno, assoviar, acender a luz a gás cedo demais”
-" Maria , Maria, é um dom, uma
certa magia, uma força que nos alerta, uma mulher que merece viver e amar como
outra qualquer do planeta"-
Começam assim os movimentos das
instituições profissionais por melhores condições de trabalho e redução da
carga horária.
A luta era protagonizada por
mulheres em nome de todos os trabalhadores, protestos e principalmente, greves,
todas gerando confrontos que eram violentamente reprimidos pelos policiais.
- "Maria, maria, é o som , é a cor
, é o suor, é a dose mais forte e lenta
de uma gente que ri quando deve chorar e não vive apenas aguenta".-
Foi assim em 1810 na Inglaterra
com ganhos reais de redução de jornada.
Foi assim em 1847 nos Estados
Unidos, onde muitas trabalhadoras, após um protesto, morreram em um incêndio de
grandes proporções.
Ainda não era o 8 de março.
E foi em 1910, num congresso de mulheres socialistas, que a
data foi comemorada pela primeira vez, num reconhecimento à capacidade de
mobilização feminina. Era agosto.
Em 1917, na Rússia, mais um evento
marcaria a participação das mulheres num protesto por melhores condições de
trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na primeira guerra mundial,
precipitando a revolução.
Era então 8 de março.
- "Mas é preciso ter força , é
preciso ter raça , é preciso ter gana sempre, quem traz no corpo a marca,
Maria, Maria mistura a dor e a alegria"-
Em 1932 as mulheres conquistaram o
direito ao voto no Brasil.
No início apenas para as casadas ou emancipadas economicamente.
Em 1945 , 8 de março se tornou feriado nos países socialistas.
Nos anos 60 , nos Estados Unidos,
o movimento feminista resgata a data, era o tempo da pílula anticoncepcional, a liberdade sexual, a queima dos sutiãns.
E, em 1975, a data é reconhecida pela ONU para
lembrar a lutas sociais, políticas e econômicas das mulheres.
Há movimentos exclusivos de
mulheres pelo mundo como as “Mães da Praça de Maio” , na Argentina, que se
reúnem todas as quintas feiras na praça , em frente ao Palácio do Governo, a
Casa Rosada, para lembrar o desaparecimento de seus filhos
durante a ditadura militar entre 1976 e 1983.
Há as feministas ucranianas do
grupo Femen que protestam contra a discriminação sexual expondo seus corpos nús.
E há, por todo o planeta o
movimento de empoderamento feminino, abraçado pela ONU, Organização das Nações Unidas, através da criação da
ONU mulheres que, fundamentada na visão de igualdade consagrada na Carta das
Nações Unidas, entre outras questões, trabalha para:
- eliminação da
discriminação contra as mulheres e meninas;
- empoderamento das
mulheres
- realização da
igualdade entre mulheres e homens como parceiros e beneficiários do
desenvolvimento, direitos humanos, ação humanitária, paz e segurança.
Mulheres preparadas,
poderosas, empoderadas, atentas e em movimento!
Vale lembrar que a mulher trabalha
ao lado do homem desde sempre, pela existência e crescimento, e a revelação e reconhecimento públicos de
suas habilidades, de seu fazer, não acontece apenas pela instituição de uma
data , mas pelo tratamento diário, pelo respeito que deve receber como ser
humano, que segue pela vida ao lado de outros seres humanos, vivendo e construindo
pela paz e a harmonia.
-"Mas é preciso ter manha, é
preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre. Quem traz no corpo essa marca,
possui a estranha mania de ter fé na vida".
Homenagem às mulheres- Alarp- 09
de março de 2017
Pesquisa e apresentação- Eliane
Ratier