Tem algum tempo que conheço o Matheus, primeiro a pessoa,
depois a escrita.
Este livro, seu primeiro romance, ao contrário do que o texto
da orelha aconselha, foi lido de maneira prevenida, mas Matheus surpreendeu-me.
Em uma narrativa que mantém o leitor atento e desejante,
Matheus entrega de início , o final, e daí tudo vira paisagem em viagem.
Saber o que aconteceu, para mim, foi traquilizador. Restou-me saber o como e o porquê, o que fui
descobrindo sem sustos.
Os capítulos curtos aceleram o passo da leitura.
O texto é recheado de questões filosóficas, matéria de
trabalho do autor, que é também professor nesta área, muito bem colocadas e na
dose certa, talvez arte de outro talento profissional de Matheus, a
publicidade.
Há poesia em interessantes e belas, mas não ingênuas,
imagens, ironia, humor e ao menos uma questão fundamental que não se resolve, e
que nos deixa pensando.
Há, ainda, outros elementos que enriquecem o texto e
valorizam o autor.
O livro, em si, são duzentas paginas bem cuidadas em boa e
clara letra.
O “ Lado” não é um romance para iniciantes. Não é linear nem
óbvio, o que é mérito.
Penso que Matheus encontrou sua melhor forma de expressão.
Quero mais!
Trecho:
“ Exatamente três semanas após o início da escritura, as
páginas estavam cheias. E ele, vazio. Salvador era um caderno sem folhas; uma
capa fechada, impermeável ao futuro. Mas se tratava de um vazio pleno,
desnecessitado de algo além de si.”
É isso aí Eliane, sempre divulgando a literatura local. Parabéns a vc e ao Matheus
ResponderExcluir