Gente, aproveitando o aniversário de Cecília Meirelles, deixo aqui o relato do início dos Saraus Paraler. Texto e foto de 2008.
Agradeço, imenso, a todos que participaram destes deliciosos eventos e em especial à Marylene Barrachini, proprietária das Livrarias Paraler, que abriu a casa e empenhou a alma nesta "brincadeira".
Beijos.
Doente de Cecília
A Paraler, nossa livraria aqui de Ribeirão Preto, realizou
neste mês um primeiro encontro artístico-literário, que pretende se repetir
mensalmente.
Coube-me parte da organização do evento, que dividi com
minha recém colega de letras, Mara.
A Paraler não
desejava um encontro temático, então, para dar o gancho inicial, resolvi me
ater às homenagens aos aniversariantes do mês, muito bem representados na
pessoa de Cecília Meireles, nascida em 07 de novembro.
Engraçado, Cecília é
tão famosa, lida desde a infância, citada pela mídia, que nos parece quase
íntima.
Comecei a
organização por uma pequena biografia de Cecília e fiquei deslumbrada pelo que
não conhecia.
Li algumas
antologias, de cabo à rabo, algumas geniais Crônicas de Educação, belisquei as
Crônicas de Viagem, e alguns outros textos de coletâneas. Deti-me, extasiada,
relatada por ela no livro Olhinhos de Gato.
Mergulhei tão fundo
neste mundo que me vi, em plena terça feira, incapacitada para ir ao trabalho,
de dor e desconforto físico, em licença médica, num dia de tempo incerto e
chuva intermitente, algo beirando a perfeição para uma boa leitura.
Saí do livro
encharcada de Cecília, grata pela oportunidade de conhecê-la, absolutamente
encantada e fã eterna.
O sarau foi na semana
seguinte e apresentamos Cecília por sua poesia.
Deixo aqui a “Carta
à Cecília”, uma pequena homenagem baseada em sua biografia. Há ainda a própria
biografia, esta é, talvez, um pouco longa para estar aqui, mas, de qualquer
maneira, se alguém tiver interesse eu posso remetê-la, é só avisar.
Carta à Cecília
As meninas não se chamam mais assim
Faz quase 20 anos que trabalho em escolas e nenhuma Cecília,
salvo você ,veio até mim.
Alguns nomes ainda resistem intrépidos, Anas, Júlias,
Marias, mas Cecílias...
Tua precoce história de dor, órfã , sem irmãos, te fez
adotar os livros como família.
E que família mais completa querias, Cecília, senão a das
letras, que tudo pode em qualquer tempo e lugar.
Que leva à passeio, para destinos reais ou imaginários, que
educa, instrui, alimenta a fé, acalenta o sonho, acolhe os ideais.
Só não tinha, esta família, o calor dos braços maternais, o
que a vida de mestra te supriu, com o carinho das crianças que ensinaste.
Embora contivesse em ti o teu mundo, que transbordando em
escritos, fez um quase mar de livros de tanta e tão vasta produção, não te
abstiveste de ser mãe, esposa e principalmente militante nas causas em que
acreditavas, educação, leitura, folclore.
Mais de uma vez o destino te roubou entes queridos, mas tua
fortaleza não se abalou, partiste para outra, partiste para outras terras,
terras estrangeiras a receber teu entusiasmo e saber sobre as coisas da nossa
terra.
É assim, Cecília, você estava consciente, a vida não te
pegou no contra pé, o fim estava sempre presente, você o soube como ninguém.
Restam-nos teus eternos escritos, que me perseguem líricos,
de uma beleza infinda.
Cansei-me de anotar os favoritos, em cada um há beleza e
valor.
O remédio é tê-la sempre por perto.
Beijo no teu aniversário, a menina Cecília.
Celebro a vida que permanece em tua poesia.
Eliane Ratier
Novembro de 2008
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