Alarp- posse-discurso
De corações unidos faz-se um céu.
Caros, todos,
Honrada no mais alto grau com a indicação para esta academia
e com o aceite da mesma, me vejo num céu.
Conheci a Alarp a convite de quem já não é , e sempre será,
conviva desta casa, Jair Yanni.
Foi numa “ Noite de artes”, emocionante como são
todas, no Teatro Pedro II, em 2008.
Desde então tenho seguido admiradora de seus membros e de
seus feitos.
Pelas mãos da Alarp conheci magníficos artistas e parceiros.
Agradeço à minha madrinha , Nely Cirino de Mello, à Cléo
Reis, minha defensora, e a cada um que me foi favorável, por acreditarem em mim.
A cadeira que me coube, e que me foi apresentada e consentida pela presidente
Fúlvia Freitas e pelo presidente de
honra Oscar de Moura Lacerda, é a de
Antenor Pimenta, multitalentoso artista,
ator, escritor, autor teatral, poeta, inventor, empresário, e que era ocupada pelo saudoso e querido
Djalma Cano.
na foto Djalma Cano, Jair Yanni, Eliane Ratier e Nely Cyrino de Melo, em outubro de 2010
os acadêmicos na posse
Antenor Pimenta
Antenor Pimenta nasceu em 22 de julho de 1914 em Ribeirão
Preto.
Curioso e ativo em várias áreas, começou cedo como aprendiz gráfico.
Tipógrafo, foi
admitido no jornal Diário da Manhã.
Compondo os textos
dos colaboradores despertou para a literatura chegando a ser redator do jornal que deixou, por uma crise de saúde
, em 1938.
Para curar-se resolveu, junto com a esposa Jacyra,
acompanhar por um tempo o irmão , o palhaço Pimenta, que atuava no Circo-teatro
Rosário.
E assim saíram, para distrair a doença, em viagem com o
circo.
Antenor achou no circo, ali guardado, seu coração.
Lembrou-se do tempo em que era admirador do tio Juvenal, que tinha um circo, e que era
inspiração para as brincadeiras infantis com os irmãos.
Antenor e os irmãos montavam um espetáculo para a vizinhança
e até cobravam entrada simbólica, em palitos de fósforos.
Nesta excursão de cura, quis o destino que um dos atores da
companhia fosse acometido de pequena enfermidade dando assim a oportunidade
para Antenor assumir um pequeno papel durante uma apresentação no circo
Rosário.
Imaginem, e para nós artistas é bem fácil de imaginar, se
Antenor , depois de picado pelo bichinho do palco, conseguiria se manter longe
dele.
Nunca mais!!!
Virou ator, depois autor, ensaiador e empresário circense.
Seu grande legado foi na área do circo- teatro.
Os circos levavam, como atração , peças teatrais.
O teatro chegava em todos os lugares através do circo ,
independente de estrutura física ,e os artistas, atores, tinham onde
desenvolver seu trabalho.
Antenor Pimenta foi autor de muitos textos para circo
teatro, que eram apresentados por todo o país.
Seu texto mais famoso é
“O céu uniu dois corações” que é encenado até hoje por escolas de teatro
e grupos circenses.
Era exigente com seus atores, e embora os textos remetessem
a melodramas pedia a todos uma atuação naturalista, exigia o texto decorado e
ensaiava cada ato até a perfeição, antes de trabalhar o próximo.
Seus atores eram disputados no mercado de trabalho pois eram
extremamente disciplinados pela mão de ferro de Antenor.
A produção de figurino, maquiagem e cenário também era
cuidadosa e detalhista.
Figurinistas e cenógrafos estavam envolvidos com recursos
técnicos modernos da época.
A sonorização era feita ao vivo com músicas e efeitos.
Mas, sucesso mesmo, faziam as peças em que Antenor atuava,
pois ele colocava no meio do texto seus poemas, bordando as cenas , tornando-as
únicas.
Em algumas cidades foi convidado para se apresentar no
teatro local .
Em Ribeirão Preto apresentou-se no teatro Pedro II em uma
peça-homenagem aos pracinhas da segunda guerra.
Antenor era empresário consciencioso, cuidava da qualidade
de vida dos funcionários do circo, preocupava-se com o conforto da platéia, e
com o acesso de todas as parcelas da
população da cidade visitada aos seus espetáculos, reservando sessões com preços mais acessíveis e tempo
para atuações beneficentes.
Tirou pequenas férias da vida nômade. Parou com o circo por
três anos para acompanhar de perto , a vida escolar dos filhos: Marly, Helton,
Nely e Vera Lúcia.
Nesta época fez novela de rádio com seu irmão Arlindo, o
palhaço Pimenta e até cinema, num filme com Mazzaropi.
Aposentou-se do circo aos 50 anos, em 1964, quando o Circo-
teatro , entrava em declínio com a popularização da televisão.
Radicado em Ribeirão, fez mais um texto para teatro e
dedicou-se às suas invenções práticas para melhorar a vida, principalmente dos
mais necessitados. Requereu mais de três mil patentes de inventos.
Tomou posse nesta academia em 1987, na cadeira 29 de Piolin.
Reeditou seus espetáculos na rua de sua casa, revivendo sua
meninice.
Voltou aos palcos em 1986 para mais uma apresentação de
sua mais famosa peça “ E o céu uniu dois
corações”, junto com o Grupo de teatro
da Unaerp e pode mostrar na prática a
técnica por ele desenvolvida e cobrada durante as montagens de seus espetáculos
circenses.
Faleceu em Junho de 1994, aos quase oitenta anos.
Antenor Pimenta!
Uma figura inquieta, produtiva e inovadora,que promoveu e o
bem estar através de seus talentos e fez a diferença, tanto que hoje, é
lembrado por nós pelo seu legado.
Brindo a Antenor e peço sua benção inspiradora.
Falecido, Antenor deu origem à cadeira 52 da Alarp, ocupada
por Djalma Cano.
PS: Esta pesquisa foi baseada no livro da sobrinha de Antenor, Daniele Pimenta e foi só o início , há muito mais a ser pesquisado.
Quando souberam da pesquisa muitos manifestaram o conhecimento pessoal de Antenor.
Na posse alguns convidados, Jugurta Lisboa, Rita Mourão, declararam ter assistido à peça de Antenor.
Sua filha Marly mora em Ribeirão Preto, seu filho Helton é radialista esportivo e seu neto Helton é dentista, fechando magicamente o círculo.