Apesar de ter acumulado um valioso acervo de relíquias sobre Pessoa, Cavalcanti teve de lidar com algumas frustrações durante a pesquisa. Uma delas foi sua tentativa de comprar as cartas trocadas entre o poeta e Ophélia Queiroz, sua grande paixão. O bibliófilo Pedro Correa do Lago revelou que nas cartas há trechos censurados pela família de Pessoa que tratam da “doença feminina”, a menstruação. Lago não vendeu o lote “nem pelo preço de dois carros importados”, segundo Cavalcanti. Em outros casos, porém, sua insistência foi recompensada. O desenho que Almada entregou a Ophélia depois do enterro, Cavalcanti levou menos pelo depósito sem recibo na conta da sobrinha Maria da Glória do que pelo relato de ter visto Pessoa andando pelo Chiado. “Contei que tentei persegui-lo e ao se dar conta ele fugiu”, diz. Quando a mulher de Cavalcanti fez pouco da suposta experiência sobrenatural, dizendo não acreditar em fantasmas, Maria da Glória reagiu: “Pois se tratando de Fernando, acredite!”.
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