sexta-feira, 30 de julho de 2010



Sarau Paraler




Terça feira, dia 03 de agosto, às 20 horas, tem sarau na Paraler do Ribeirão Shopping.


Esta edição homenageia Vinícius de Moraes, que se foi num julho, há 30 anos atrás.




Foi, mas fica, e como fica, em seus escritos, suas músicas, vídeos e fotos e inscrito à fogo em alguns corações.


O clube de leitura de poesia, da Palavra Mágica, inaugurou suas atividades com Vinícius e apesar de já ter lido sua biografia e visto seus textos, foi-nos uma surpresa.


Surpresa, pois os primeiros textos de Vinícius diferem muito do que caiu no gosto popular.


Lá encontramos um Vinícius prolixo, e cheio de termos eruditos e discussões filosóficas sem, no entanto deixar de ser belo.


Talvez essa fosse uma fase pré wisky, a bebida, de certa forma, anestesia inquietações e liberta emoções para além das convenções estilísticas e sociais.

Foi com sua aproximaçaõ da música , do teatro e do cinema, que surge o Vinícius que conhecemos, o Vinícius dos sonetos, das canções inesquecíveis. Um Vinícius emocional em estilo convencional, liberto no conteúdo, fixo na forma, mas não só, há muitos outros poemas modernos, sem o rigor formal.

O poeta da amizade, vivia cercado de gente, gente nova, velha, amigos dos amigos, curiosos, todos acolhidos e convividos com o prazer do encontro.

O poeta dos amores, casado 9 vezes e saudoso de cada uma de suas companheiras.

Inimigo da solidão, esta tão amiga dos poetas.

Morreu numa manhãzinha, cedíssimo, antes de dormir, após revisar as letras do infantil " Arca de Noé", na banheira, os amigos ainda na sala.

Já tinha levado uns sustos, ficara seriamente enfermo , um ano antes, mas ali estava bem.

A estória da banheira é pitoresca.

Dizem os amigos que ele não gostava de dormir sózinho e os convidava à ocupar o mesmo quarto, às vezes a mesma cama.

Usava a banheira como local de "trabalho". Atravessava uma tábua sobre ela ,apoiava a máquina de escrever e ali deixava-se ficar , de molho, e não raro, com um séquito em torno.

Excêntrico, único, gênio.

Dói de saudade o coração calejado, eternamente machucado, que despejou seu sumo poético em palavras e virou música e virou carne, sangue, suor e lágrimas de um tanto de gente pelo mundo.

Assim foi e assim ainda será, o Vinícius de Moraes vivo.

Eliane Ratier

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