Errei os caminhos, errei pelos caminhos. Intrigante frase que vai dar no mesmo.
O fato é que estive desatenta, confusa não li a lista completa, nem os comunicados, crente de já saber o que diziam, então não fui feliz em minhas escolhas.
Fiz inúteis idas e vindas por não planejar um roteiro completo.
Acertei o primeiro compromisso, sem tempo para seguir no mesmo lugar, pulei para o segundo, retornei ao primeiro local.
Errei a entrada por não perguntar, o prédio que julgava o certo, estava em grande reforma, vai ficar bonito.
Estacionei o carro sob arvores frondosas, antigas e, em prece íntima, pedi que continuassem ali , alento vivo de caminhos certos ou errados. Eram mangueiras de grande porte, algumas outras que não soube reconhecer e um miguê, dama da noite, pejado de flores perfumadas de enjoar.
Perguntei, dei meia volta e entrei no outro portão onde encontrei o lugar que procurava alojado provisoriamente em galpões rústicos, com o mínimo de tecnologia necessária, ar condicionado e informática, em meio a mais verde, com funcionários antigos, zelando, em ritmo lento, pelo local.
Deixando de lado a poesia, descobri que ali não era o lugar onde deveria ir. Poderia ser ali perto mas dependia de agendamento prévio, o que não seria possível.
Resolvi seguir para o endereço alternativo, notem, estava tudo escrito no comunicado que recebi, que achei que fosse perto porque conhecia o nome das ruas.
Para driblar a ansiedade, resolvi ir ao comércio para umas rápidas compras da lista, a metade dela.
Dali, mais confiante, segui o caminho que o aplicativo me indicava.
Fui tranquila por lugar conhecido.
Tranquilidade que pouco durou porque nunca chegava o que buscava.
Finalmente, depois do depois conhecido, cheguei ao local insuspeito de abrigar a repartição pública que desejava.
Um lugar calmo, sujo, cheio de tralhas, rústico com a tecnologia mínima já explicada, em rua arborizada e pouco movimentada.
O funcionário que me recebeu anotou , com capricho , meus dados numa folha de papel, justificativa de produtividade.
Fui atendida prontamente, uns seis funcionários em sala pequena, trabalhando alegres e se cumprimentando pelo início do ano.
Quem me atendeu, ouviu-me solícito, disse que meu caso não tinha solução, como explicava o documento em questão e orientou-me sobre uma possível recorrência.
Nem alegre , nem triste, conformada, segui o caminho inédito, indicado pelo aplicativo, e cheguei em casa, descobrindo que , em meu caminho, poderia ter feito mais duas coisas que não estavam na lista mas estavam nos planos.
Deixei para o período da tarde, quando fiz mais alguns zigue-zagues típidos de quem erra os caminhos e erra pelos caminhos.
Desejando-nos , sempre, melhor sorte na próxima vez.