quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Errando os caminhos




Errei os caminhos, errei pelos caminhos. Intrigante frase que vai dar no mesmo.

O fato é que estive desatenta, confusa não li a lista completa, nem os comunicados, crente de já saber o que diziam, então não fui feliz em minhas escolhas.

Fiz inúteis idas e vindas por não planejar um roteiro completo. 

Acertei o primeiro compromisso, sem tempo para seguir no mesmo lugar, pulei para o segundo, retornei ao primeiro local. 

Errei a entrada por não perguntar, o prédio que julgava o certo, estava em grande reforma, vai ficar bonito.

Estacionei o carro sob arvores frondosas, antigas e, em prece íntima, pedi que continuassem ali , alento vivo de caminhos certos ou errados. Eram mangueiras de grande porte, algumas outras que não soube reconhecer e um miguê, dama da noite, pejado de flores perfumadas de enjoar.

Perguntei, dei meia volta e entrei no outro portão onde encontrei o lugar que procurava alojado provisoriamente em galpões rústicos, com o mínimo de tecnologia necessária, ar condicionado e informática,  em meio a mais verde, com funcionários antigos, zelando, em ritmo lento, pelo local.

Deixando de lado a poesia, descobri que ali não era o lugar onde deveria ir. Poderia ser ali perto mas dependia de agendamento prévio, o que não seria possível.

Resolvi seguir para o endereço alternativo, notem, estava tudo escrito no comunicado que recebi, que achei que fosse perto porque conhecia o nome das ruas.

Para driblar a ansiedade, resolvi ir ao comércio para umas rápidas compras da lista, a metade dela.

Dali, mais confiante, segui o caminho que o aplicativo me indicava.

Fui tranquila por lugar conhecido.

Tranquilidade que pouco durou porque nunca chegava o que buscava.

Finalmente, depois do depois conhecido, cheguei ao local insuspeito de abrigar a repartição pública que desejava.

Um lugar calmo, sujo, cheio de tralhas, rústico com a tecnologia mínima já explicada, em rua arborizada e pouco movimentada.

O funcionário que me recebeu anotou , com capricho , meus dados numa folha de papel, justificativa de produtividade.

Fui atendida prontamente, uns seis funcionários em sala pequena, trabalhando alegres e se cumprimentando pelo início do ano.

Quem me atendeu, ouviu-me solícito, disse que meu caso não tinha solução, como explicava o documento em questão e orientou-me sobre uma possível recorrência.

Nem alegre , nem triste, conformada, segui o caminho  inédito,  indicado pelo aplicativo, e cheguei em casa, descobrindo que , em meu caminho, poderia ter feito mais duas coisas que não estavam na lista mas estavam nos planos.

Deixei para o período da tarde, quando fiz mais alguns zigue-zagues típidos de quem erra os caminhos e erra pelos caminhos.

Desejando-nos , sempre, melhor sorte na próxima vez.

 


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