domingo, 2 de outubro de 2016

Livros- Urupês- Monteiro Lobato



A gente fica até sem saber como ficou tanto tempo sem ler Monteiro Lobato !!
Penso que talvez sua personalidade intensa, suas posições políticas, suas colocações para lá de francas possam ter causado alguma confusão em sua vida, impedindo uma maior apreciação de sua obra.
Mas, atenção, seja o que for, Monteio Lobato é leitura que deveria ser feita na escola.
Indicação do Grupo de Leitura, Urupês, que também já havia sido citado pela mestra Ely Vieitez Lisboa em palestra anos atrás, era sementinha plantada de curiosidade e desejo.
Com uma linguagem que é puro deleite, ritmo de poeta, neologismos e resgates vocabulares, imagens de singular beleza e outros tantos recursos estilísticos, a prosa de Monteiro Lobato traz assuntos da época carregados de atualidade, clareia origens, reconta histórias que conhecemos de cor.
Urupês é livro de contos narrados com a ciência prática da vivência.
Humor e crítica social  também são constantes na escrita.
Rico em referências! Suspeito que deixei escapar mais da metade delas.
Lobato bebeu nas fontes dos que o antecederam e tenho certeza de que foi bebido pelos contemporâneos e sucedâneos.

"A quarto de legua do arraial do Atoleiro começam as terras da fazenda de igual nome, pertencente ao major Zé Lucas. A meio entre o povoado e o estirão das matas virgens dormia de papo acima um famoso pântano. Pègo de insidiosa argila negra fraldejado de velhos guaiambés nodosos, a tabôa esbelta cresce-lhe á tono, viçosa na folhagem erectil que as brisas tremelicam."
Trecho do conto "Bocatorta" respeitando a grafia original da 31ª edição, Brasiliense, 1985.

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