Tenho viajado muito!
Pais, filhos...
No começo foi penoso, agora sinto prazer em estar na
estrada.
Sozinha, com minha trilha sonora, livre para qualquer ato ou
palavra.
Vou cantando, vendo a paisagem, conversando em monólogo, uma
inaudível conversa com os outros incógnitos motoristas.
Cada viagem é diferente, apresenta desafios.
Chegar é vencer.
Tenho alguns temores na estrada.
Caminhões e motos estão no topo da lista.
Quando vejo os motoqueiros, algumas vezes não vejo , apenas
ouço, fixo a direção e espero que se definam quanto à sua ação.
Que façam o que, e como, quiserem, de preferência bem
rapidinho, e mais rapidinho ainda se afastem.
Que fiquem bem longe de mim.
Quanto aos caminhões, tem meu total respeito.
Primeiro porque são conduzidos, ou pelo menos deveriam ser,
por profissionais em árdua missão, reconheço, depois porque são grandes e eu
sou, perto deles, um minúsculo, frágil e leve pontinho de lata branca.
Considerações feitas vamos aos fatos.
Dia destes voltava de Jundiaí, pela Bandeirantes, pista
larga , três faixas no meu trecho, e boa, uma chuvosa manhã de segunda feira.
Pista cheia de caminhões, visibilidade ruim pela chuva
intensa.
Condições que demandam cuidados extras.
Um deles é não parar no acostamento para esperar a chuva
passar.
É preciso seguir em frente com calma e paciência.
Uma hora a chuva passa.
Outro é diminuir a velocidade e respeitar a sinalização e as
regras de trânsito.
Este frágil pontinho de lata branca seguia, à risca, as
regras.
Não havia motos. Que bom!
Mas os caminhões...
Meu amigo!!
Primeiro que alguns motoristas ignoram sua imagem no espelho.
Imaginam-se sentados ao volante de um Fiat 147 e manobram
como tal, em velocidade de automóveis, ultrapassando sem manutenção de
distância segura, tanto na saída da manobra, onde por vezes ignoram o
procedimento de olhar pelo retrovisor, quanto na de entrada, enfiando um
treminhão na frente de uma carreta , ao lado de um ônibus, com a agilidade de
um automóvel compacto em mão de motorista playboy.
Ave Maria!!
Foi assim que me vi, na terceira pista da rodovia, ao lado de
dois caminhões, jorrando água barrenta sobre meus inúteis limpadores de para
brisa, em velocidade bem acima da permitida, surfando, descendo numa onda da
rodovia, sem possibilidade de acelerar, para tentar a ultrapassagem , muito
menos de frear sobre a lâmina d’água, em condições de visibilidade instintiva.
E eis que o rádio toca Michael Bubblé.
Pensei que fosse um anúncio, um recado.
Achei que era a minha
hora e o céu preparava minha entrada com, que alívio!!, uma linda música.
Não! Imagina numa hora crucial destas, tocar algo horroroso.
É muito castigo!
Eu já passei por isso parindo ao som de Xuxa, mas esta já é
outra história que hoje seria considerada maus tratos.
Bem, como podemos ver, não foi minha hora, logo depois da
música o céu clareou num rasgo de sol, pude enxergar o caminho e ultrapassar os
grandões que se acomodaram em seus lugares.
Vencer o desafio é chegar.
Vencer o desafio é sobreviver.
Continuo na estrada.
Torçam por mim!
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