O poema abaixo, de Paulo Bentancur, faz parte de seu livro Bodas de Osso.
AMPLITUDE
Ninguém ama um homem comum.
O terror da entrega é antigo.
Te quero tanto e disfarço.
Sou puro como a borra do café
Te quero tanto e disfarço.
Sou puro como a borra do café
e o pano de prato manchado.
Às vezes me gripo, me atraso.
Sei disfarçar o choro.
Ninguém ama um homem comum.
Fugiste quando eu me encolhi.
Queríamos o que o mundo podia,
e ele só podia nós dois.
(O tempo levava o amor
por sua mão já sem forças:
quatro dedos, pouco gasto.)
Um homem comum vê o tempo
arrastando-se em seu rosto.
Não quero prometer a rosa
que nem tu mesma encontraste.
Não quero salvar uma morta.
Quero que as nuvens convençam
a todos o que já sei:
sou um homem, não um rei.
Quem quiser um soberano
terá de amar um séquito.
Quem aceitar-me sozinho
encontrará este homem
que enxuga as tuas costas
e não diz uma palavra
seca e dura como o ouro
que mata os homens comuns.
Às vezes me gripo, me atraso.
Sei disfarçar o choro.
Ninguém ama um homem comum.
Fugiste quando eu me encolhi.
Queríamos o que o mundo podia,
e ele só podia nós dois.
(O tempo levava o amor
por sua mão já sem forças:
quatro dedos, pouco gasto.)
Um homem comum vê o tempo
arrastando-se em seu rosto.
Não quero prometer a rosa
que nem tu mesma encontraste.
Não quero salvar uma morta.
Quero que as nuvens convençam
a todos o que já sei:
sou um homem, não um rei.
Quem quiser um soberano
terá de amar um séquito.
Quem aceitar-me sozinho
encontrará este homem
que enxuga as tuas costas
e não diz uma palavra
seca e dura como o ouro
que mata os homens comuns.
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