É um livro tipo de bolso, distribuído às bibliotecas escolares na década de 70 e que, não me perguntem como ( dificilmente revelo minhas fontes), veio parar em meu armário ainda virgem .
Intocado por olhos e mãos, abri-lhe as páginas no fio da régua ( adoro isso!), na exclusividade da primeira posse embora uma sombra de tristeza enrugasse a testa: como pode um livro destes, dentro de escola, ter ficado intacto por 3 décadas?
Bem, a ele!
Temática incomum, não soubesse que ele fora advogado, julgaria-o médico ou cientista, tão bem fala das funções fisiológicas e de detalhes anatômicos do homem e da natureza.
O poeta soturno, talvez caísse no gosto desta juventude atual fã de vampiros e afins.
Admirável domínio da linguagem na crueza e verdade de seus textos.
Seria ele um discípulo de Byron?
Deixo um trecho de mostra e lembrança:
Debaixo do Tamarindo
Augusto dos Anjos
No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilissimos trabalhos!
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilissimos trabalhos!
Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!
Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,
Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!
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