Hoje tive vontade de orar.
Não como faço habitualmente, nas íntimas conversas que tenho
com Deus, aflita, reflexiva ou grata, mas orar oficialmente, com as orações
eternas, coletivas e de grande sabedoria.
Não sou uma religiosa praticante.
Moro ao lado da igreja. Às vezes entro, seduzida pelo
silêncio, o frescor e a paz do lugar.
Ouço todo o serviço religioso da minha cozinha, canto os
cânticos e assim me considero orando.
Como também me considero em ato de louvor quando promovo a
felicidade, o conforto, o bem estar, o
encantamento das pessoas com os dons que me foram concedidos e que desenvolvi
com o trabalho que me é permitido exercer.
Exercendo sou grata.
Por vezes necessito de uma parada para reflexão, uma busca
de entendimento, e nestas horas converso com Deus, da minha maneira.
Muitas vezes não entendo suas falas, suas mensagens, fico
sem saber, mas Ele sabe.
E porque Ele sabe, sigo tentando entender, evitando as
revoltas, cultivando a paciência.
Minha vontade de orar “oficialmente” não vem daí.
A aflição é o motivo. Motivo importante demais para conversas informais.
Oro para Deus, o Onipotente , para que supra minha
impotência nas coisas que penso que me cabem. É uma oração por mim, por meu
mundo, meu sofrimento, muito particular.
Oro para que Ele cuide das minhas filhas, onde já não
consigo mais cuidar, pois elas já não ficam em meu colo, nem sob o meu olhar e
estão longe do meu conhecer.
Quem tem filhos sabe o que digo.
Só Deus!
Oro para que Ele console meus pais, embora dotada de muitas
palavras, não encontro as que possam servir, e os atos não bastam.
Quem ama sofre com o sofrimento dos amados.
Só Deus!
Por isso essa vontade de orar uma oração universal, junto ao
coro dos aflitos, dos impotentes, certa, muito certa, de que ele ouvirá, pois
esta oração é feita com o inextinguível amor com que Ele dotou este humano
projeto.
E porque Ele ouvirá e saberá, sou grata.